Um ou outro artista ainda conseguiu se sair com soluções interessantes para o novo (e reduzido) tamanho das capas dos discos. Mas ficou claro que algo se perdeu entre a era dos discões, cujos encartes eram manuseados quase como um ritual que acompanhava toda a audição do LP; e a então novíssima era das caixinhas de plástico - que, como lembra Ruy Castro no artigo "O homem que inventou a capa do disco", vinham "envoltas num infernal preservativo à prova de unhas".
A imagem que durante décadas servia para apresentar, representar ou mesmo explicar a música gravada, ganhava um novo sentido na nova economia simbólica da era digital. Essa processo desaguaria, em nossos dias, na era da audição veloz e fragmentada, quando a tecnologia do MP3 e quejandos estilhaçou o conceito mercadológico do disco e apartou de vez som e imagem - ou pelo menos a imagem das antigas capas. Para o bem e para o mal, escuta-se cada vez menos álbuns para se escutar apenas e cada vez mais músicas, tão assistemáticas e diversas quanto mais nova for a tecnologia e o design do Ipod.
No entanto, a história gráfica da indústria fonográfica, que remonta a Alex Steinweiss, publicitário norte-americano que criou, em 1939, a primeira capa para um álbum, produziu peças antológicas, que ainda embalam os sentimentos dos mais saudosistas e fascinam os modernos de olhar mais delicado. Das capas leves e inteligentes dos discos do selo Blue Note ao tom repolhudo e pomposo das fachadas dos eruditos da Deutsche Grammophon. Da força das capas dos discos de rock dos anos 60 e 70 à explosão kitsch da música pop dos anos 80.
No Brasil, a história dos capistas de música começa com nomes como Paulo Brèves e Paez Torres, argentino radicado no Rio de Janeiro; passa por revolucionários como Cesar Villela, que assinou as capas da gravadora Elenco durante boa parte dos anos 60; até chegar em Elifas Andreato, a expressão maior dessa arte em nosso País. Da novíssima geração, destacam-se nomes como o cearense Renan Costa Lima, que assinou a capa de CDs de artistas como Céu e Cidadão Instigado.
Ao longo desse post, reuni algumas das capas que mais me fascinaram ao longo de minha vida de apreciador de música. E de discos. Naturalmente, não é possível medir a qualidade da música pelos truques e sacadas dos capistas e há casos notórios de grandes discos embalados por capas pífias. Mas, em geral - e a história do jazz, por exemplo, comprova isso -, uma boa capa é garantia de ótima música.
7 comentários:
Curto muito ver capa de disco antiga! E nao ouço musica no suffle, tem que ser o album do comeco ao fim.
Gosto bastante desse grupo que fez varias capas louconas de bandas de rock dos anos 70. http://en.wikipedia.org/wiki/Hipgnosis
Lembro das capas da Clara Nunes. Se não me engano, de autoria do Elifas Andreato. São sublimes.
Big Head,
O livro O Design Brasileiro Antes do Design, organizado por Rafael Cardoso, tem um capítulo muito bacana escrito pelo Egeu Laus. Fiz uma aula na Fanor outro dia sobre o assunto. Gostei de lê-lo por aqui.
Beijão!
Olá Felipe
Tô juntando os meus vinis com as capas do Elifas, Melo Menezes e Cafi para copiar e expor - por enquanto aqui em casa.
Felipe
só um reparo - se o lp tem 31 cm de lado - a área é de 361cm²
Vige!!! É isso mesmo. Errei feio na matemática. Valeu pela correção, caro Marcus. Abração.
Margot querida,
Seja sempre bem vinda.
Beijão
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