sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O enigma Ted Hawkins

Há muitos anos, assisti a uma entrevista de Ted Hawkins no Jô Soares e, mesmo meio embriagado pelo sono (ou por uma real embriaguez, não lembro), a música desse obscuro bluesman americano me fascinou de imediato. Seu estilo ao violão, que remete à genial rudez de Richie Havens e que se utiliza de uma indefectível luva; e sua voz, suavemente roufenha, mais doce (e não menos intensa) que seu pares; ficaram martelando minha memória durante um bom tempo. Corri atrás dos discos, conversei com alguns interlocutores da tribo do blues na Cidade, pedi a amigos que viajavam aos EUA e... nada. Ted Hawkins parecia uma ilusão, uma invenção minha, algo que só eu teria visto e escutado e que parecia ser completamente desconhecido para o restante da humanidade.
Foram longos anos de curiosidade em busca de alguma música do cara. Eis que a internet fez circular os discos, democratizou os acervos fora de catálogo - criminosamente mantidos excluídos do público por parte das gravadoras - e, pimba!, finalmente encontrei suas gravações. Também decobri algo sobre sua carreira, dividida basicamente entre a Califórnia e a Europa. Vivi, então, uma boa temporada em que o som desse bluesman nascido no Mississipi imperou no toca-CD (bem, isso foi na pré-história, bem antes da era do MP3...). Só hoje, confesso, me ocorreu que, com o advento do youtube, eu poderia provar ao mundo (pelo menos ao mundo em que transito e que não sabia dele) que Ted Hawkins era real, que existia de fato para além do meu imaginário e que fazia (infelizmente, morreu em 1995) uma música fantástica. Eis então o homem, em carne, osso e voz.

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