sábado, 7 de agosto de 2010

O "beat" muito antes do mangue


Vez por outra, a soul music que começou a ganhar corpo no País nos anos 70 recorria a elementos da música nordestina para apimentar seus arranjos. Dos timbres e composições de Dom Salvador e Abolição ao interesse declarado de Tim Maia pelas coisas daqui de cima (expresso em canções como Padre Cícero e Coroné Antonio Bento, por exemplo), entre muitas outras referências, é possível rastrear um tanto de xote e umbigada no DNA da geração black que invadiu as pistas dos subúrbios. Entretanto, foi com o pernambucano Di Melo que o soul colocou seu pé com força no Nordeste. Seu disco homônimo de 1975 - que foi relançado em CD há alguns anos pela EMI - chegou a reunir Hermeto Pascoal e Heraldo do Monte em gravações que trazem um groove irresistível, como "Kilariô", "Se o mundo acabasse em mel", "Pernalonga" e "A vida em seus métodos diz calma". Com seu balanço, Di Melo explica em parte por que um movimento como o Mangue Bit - que decidiu remexer na memória do funk e da música soul que embalava as noitadas em Recife - deu tão certo em Pernambuco. O disco é presença obrigatória em qualquer boa festa black.


Um comentário:

Anônimo disse...

Olha, de parabens! Mesmo. Dimelo é muito bom mesmo... ;)