domingo, 23 de agosto de 2009

Nixon / Sarney

Na entrevista exclusiva que deu hoje a Carlos Monforte, na Globo News, José Sarney só faltou recorrer a Nixon em sua clássica conversa com David Frost: quando o presidente faz, isso significa que não é ilegal. Decadente, nervoso, atrapalhado com as palavras, Sarney protagonizou uma versão tupiniquim para o embate entre Frost e o ex-presidente americano, retratado em ótimo filme de Ron Howard. Claro, nem Monforte teve os colhões de seu colega britânico nem Sarney tem a disciplina intelectual de Nixon.  

Paulo Moura e Clara Sverner

Dois dos maiores músicos do mundo se encontram nesse registro antológico, gravado em 1983 na Sala Funarte. E mais não precisa ser dito.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quem tem medo do fusion?

É um comentário apressado ou míope a avaliação de que, com a criação do fusion por Miles Davis, o jazz ficou no prejuízo. Ou ainda de que, com o passar da febre inicial naquele início de anos 70 - em que o pioneiro Bitches' Brew vendeu repentinamente mais de meio milhão de cópias (algo inimaginável para o mercado fonográfico) -, o próprio jazz foi tratando de dispensar esse subgênero. Na verdade, não só não dispensou como vem atualizando e descobrindo novas possibilidades para esse grande guarda chuva sonoro, sob o qual continuam a se abrigar - mesmo que pontualmente - medalhões (Chick Corea, John MacLaughlin, Pat Metheny, Wayner Shorter, etc)  e "novos" artistas (Joshua Redman, Nicholas Payton, etc). 
Também me parece impreciso que o fusion seja apenas um "fusão" entre o jazz e o rock. Prefiro entender esse rótulo como uma proposta musical em que tão ou mais importante que as linhas melódicas, são as camadas de som e improviso que vão se superpondo. Numa via de mão dupla, é inegável também o interesse de outros gêneros - em especial o funk e a música eletrônica - em relação ao fusion. Assim como o jazz, mais do que um gênero (ou subgênero como queiram) em particular, o fusion virou um procedimento.  
Abaixo, aquela que para mim é a melhor expressão do fusion (se me permitem a heresia, mais até do que os arroubos iniciais e "verborrágicos" de Miles): Weather Report (a banda clássica de Wayner Shorter e Jaco Pastorius que aparece na foto que abre esse post). 

Pochmann, Lula e o "diabo"


Se fosse na cotação de cinema do Globo, a entrevista do economista Márcio Pochmann (foto acima) à revista Caros Amigos levaria a melhor avaliação, aquela do bonequinho aplaudindo de pé. Um dos trechos ratifica os diferentes pesos e medidas que (des)equilibram a cobertura política e econômica dos jornais e revistas de circulação nacional em relação ao governo Lula. 
Em determinada altura da conversa com José Cristian Góes, Pochmann explica por que o Brasil não sentiu tanto os reflexos da crise mundial. Com as melhoras verificadas nos últimos cinco anos - redução do número de pobres, redução das desigualdades, incremento e ampliação do salário mínimo, a melhora do crédito e recuperação de gastos sociais - o País foi atingido pela crise em trajetória positiva de expansão. Além disso, ao contrário das três grandes crises anteriores, em especial a crise da dívida externa de 1981-83, a recessão do Governo Collor (1990-1993) e a crise financeira e cambial na virada do primeiro para o segundo mandato de FHC, o Governo de plantão adotou um novo receituário de políticas públicas. Nas crises anteriores, a crença era a de que a saída para a crise se dava pelo mercado externo e não interno, com aumento da nossa subordinação às decisões internacionais. Para isso, a cartilha neoliberal - de que o vendilhão FHC usou e abusou - mandava aumentar impostos, reduzir gastos públicos, arrochou salários e não ampliou as políticas que atendem a base da pirâmide social.
"De outubro do ano passado para cá o governo Lula não repetiu essas medidas, pelo contrário. O governo tem mantido e até ampliado o gasto público", explica Pochman, que cita como sinais positivos de medidas contra a crise a construção de 400 mil casas populares para a população muito pobre, a redução de impostos como o IPI, o aumento de 12% do salário mínino e a ampliação do número de famílias atendidas pelo Bolsa Família. Além disso, segundo o IBGE, entre outubro de 2008 e março deste ano, durante o olho do furacão da crise, cerca de 315 mil pessoas saíram da condição de pobreza nas grandes cidades. "Pela primeira vez desde 80 os pobres não estão pagando os custos da crise como no passado. De 80 pra cá, em todas as crises houve aumento do desemprego e da pobreza. Nesta, até agora isso não ocorreu".
Tivéssemos uma imprensa mais séria, esses dados estavam sendo dissecados diariamente, aperfeiçoados, debatidos. Mas não. A cobertura vira uma panacéia enredada numa crise moralista, eleitoreira e cínica envolvendo o Senado, como se todos os males da Nação passassem pela permanência ou não de Sarney. Muitos deles passam pela cadeira da presidência da Casa, é fato - e o Governo comeu mosca ao abraçar os bigodões do coronel maranhense de olho em 2010. Mas também passaram por lá durante o governo de FHC, que, abraçado aos mesmos bigodões, quebrou o País duas vezes e atravessou oito anos recebendo loas da nossa "maior" imprensa. 
Lula vendeu sua alma ao "diabo" na mesma encruzilhada em que FHC vendeu a alma da Nação ao mercado. A diferença é que não usou o povo brasileiro como fiador. 

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A marca de Elis

‘‘A vida não tem paetês. A gente é que inventa um brilho para ela ficar melhor. Quando eu era menina, lá em Porto Alegre, minha família teve que escolher: ou a gente comia ou comprava um piano para mim. O brilho que eu inventei, então, sem piano, foi cantar e fazer de conta que era a maior cantora do Brasil’’, Elis Regina Carvalho da Costa (1945 - 1982)

     Em ‘‘Transversal do Tempo’’, canção-título de um show de Elis Regina que virou disco em 1978, Aldir Blanc sugeria que ‘‘o amor é a ausência de engarrafamento’’. Elis devia ter lá suas razões para acreditar no verso do poeta - como aliás acreditava, dramatizava e quase somatizava tudo que cantava -, pois incorporou-o como ninguém. Afinal, mais do que toda a tradição de grandes cantoras que lhe antecedeu, foi ela a grande via expressa por onde passou, sem engarrafamentos, o melhor da música brasileira de uma determinada geração. Em seu caso específico, aquele corte temporal que começa com a bossa-nova, passa pelo tropicalismo e pelo azucrim da ditadura e desemboca no período de redemocratização, que arejou o cenário político e musical do país na virada dos anos 70 para os anos 80.
     Em 1968, por exemplo, Elis, aos 23 anos, já havia visitado toda a MPB, de Pixinguinha aos exemplos da novíssima safra de autores da época, especialmente Edu Lobo e Milton Nascimento. Mais tarde, iniciando sua maturidade como intérprete, explorou estilos para além da trincheira bossanovista e continuou lançando compositores, como Aldir Blanc, João Bosco, Belchior, Ivan Lins, Renato Teixeira, etc. E assim seguiu até o final da vida. Sua morte, entre outras coisas, representou o final dramático de um tipo de postura artística em nossa música que se esfumaçou nos anos 80 e muito timidamente, mas muito timidamente mesmo, foi retomada nos anos 90 com a consagração de gente como Adriana Calcanhoto, Cássia Eller (saudades!) e Marisa Monte.
     Elis, portanto, é a nossa intérprete mais importante. Talvez não seja a melhor; é bastante possível. Mesmo porque, em termos de técnica vocal, estamos diante de uma tradição que contempla nomes como Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Maria Bethânia, Angela Maria - fonte declarada de inspiração de Elis -, Aracy de Almeida e muitas outras. Mas essa discussão sobre quem foi melhor do que quem, que, aliás, tanto mexia com os brios de Elis, só tem pertinência, me parece, nos acirrados e verborrágicos simpósios de botequim. Fora deles, importa saber que, se Elis não teve a rigorosa coerência estilística da divina Elizeth, por exemplo, soltou a voz em nome de uma intransigente defesa do que considerava música brasileira - e que comportava tudo aquilo que ela considerava (e sabia que era) bom.
     Ainda assim, é bom dizer que, mesmo comparada aos agudos desabusados de Dalva, ao vigor de Bethânia, à exuberância técnica de Elizeth, à malícia de Aracy, Elis entregou-se à música como ninguém entre nossas grandes cantoras o fez. Com toda sua vitalidade e garra, Elis não era só uma intérprete. Ela era ao mesmo tempo a senhora e a escrava de cada música que cantava. Era a personificação de cada melodia, de cada letra. Tragando cada verso, respirando cada nota, enchendo de lágrimas cada pausa e cada silêncio, ela, se não foi a melhor cantora, foi a intérprete das versões definitivas. Podem comparar com Gal Costa. Podem comparar até com Sarah Vaughan, que era bem chegada nas composições de Tom e Vinícius. Se Elis já cantou determinada música, é com ela que essa música vai soar de forma mais plena.
     Um exemplo dessas versões definitivas é a sua antológica gravação de ‘‘Atrás da Porta’’, do disco ‘‘Elis’’ (1972). Separada de Ronaldo Bôscoli, Elis foi buscar em César Camargo Mariano um novo chão para sua música e também um novo amparo para seu coração. Em meio a esse torvelinho afetivo, conheceu e decidiu gravar a composição de Chico Buarque e Francis Hime, que a princípio tinha somente a primeira parte da letra. No dia da gravação, sem ninguém mais no estúdio, César sentou-se ao piano e, com as luzes baixas, começou a gravar a voz guia de Elis, que se derramou, chorou e soluçou as palavras de Chico e a melodia de Francis. Atônitos, César e Roberto Menescal, produtor do disco, correram para levar a fita para Chico, que ouviu, chorou e terminou a letra no ato.
     ‘‘Dei pra maldizer o nosso lar,/ pra sujar teu nome, te humilhar/ e me vingar a qualquer preço/ te adorando pelo avesso/ pra mostrar que ainda sou tua...’’, cantou Elis, imortalizando uma das letras mais bonitas de Chico. Como se percebe, portanto, algumas vezes Elis não só cantava a versão definitiva de uma música, mas também chegava a ser a responsável por sua criação definitiva. Milton Nascimento que o diga.

Texto publicado originalmente em janeiro de 2002, no jornal Diário do Nordeste. Um presente atrasado para meu pai, um dos grandes fãs de Elis.



segunda-feira, 10 de agosto de 2009

João Cabral de Mello Neto (1920-1999)


O Poema

O papel nem sempre
é branco como
a primeira manhã.

É muitas vezes
o pardo e pobre
papel de embrulho;

é de outras vezes 
de carta aérea,
leve de nuvem.

Mas é no papel,
no branco asséptico,
que o verso rebenta.

Como um ser vivo
pode brotar
de um chão mineral?

Chatos em desfile


"Lugar pra juntar chato é botequim". Quem prega o aviso é Jota Canalha (foto acima), o alter ego desbocado de Henrique Cazes que lançou seu primeiro disco no passado. No CD A voz do botequim, Jota compilou onze pérolas de sua autoria (além de um samba de Noel Rosa) capazes de fazer dobrar os estômagos politicamente corretos mais sensíveis. Machista, petulante e ácido, Canalha mexeu em vespeiros até então intocados pelo falso moralismo de nossos dias com versos absurdamente escrachados em sambas como "Fim de semana na serra",  "Baranga das dez, broto das duas", "Casal perfeito" e o sensacional "Malas madrinhas", uma implacável anti-homenagem a Beth Carvalho e seu célebre mau humor: "Sonha que ensinou o Cartola a fazer samba / E ao Nelson Cavaquinho/ mostrou a batida do violão/ Que revelou ao Rildo Hora os segredos do estúdio / E ao Ubirany como é que tocava repique de mão/ Treinou o Zeca no suingue sincopado/ E serviu o primeiro conheque Domecq ao Paulão".
Abaixo, o carro-chefe do disco, "Chatos em desfile". Escutando novamente a faixa, lembrei-me de certos locais que, até recentemente, eu costumava frequentar em Fortaleza e que abrigavam (ainda abrigam) essa fauna diversificada de chatos e quejandos. 
 

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Todos estão surdos

 Um debate recente entre compositores, pesquisadores e críticos da área musical dá conta da permanência ou não do modelo de canção popular no Brasil. Ninguém menos que Chico Buarque, por exemplo, já se posicionou sobre o assunto manifestando sua desconfiança: no século XXI, parece-lhe algo extemporâneo aquele tipo de cancioneiro estruturado ao longo do século passado e consagrado por sua geração. Qualquer enunciado sobre o tema pode parecer apressado já que esse debate percorre uma série de matizes ainda não decantadas pelo devido distanciamento histórico. Matizes de natureza estética, ideológica e até racial, como nos lembra o jornalista Pedro Alexandre Sanches em artigo recente na revista Cult.

Prefiro acreditar que tal modelo não se esgotou dada a profusão de novos (e bons) compositores que levam adiante o legado de Chico, Noel, Cartola, Gonzagão e outros mestres da composição popular. Parece-me mais produtivo entender como os mecanismos de divulgação e circulação musical se estilhaçaram em inúmeras possibilidades tecnológicas, tornando o consumo algo completamente novo e difícil de ser mapeado. No entanto, é importante atentar para um novo uso da canção popular nas grandes cidades brasileiras – e também nas pequenas - que alimenta a impressão de que todo o lirismo de um compositor como Chico ou a fina ironia de um autor como Noel ou as imagens poéticas de Gonzagão são realmente algo do passado. Trata-se dos paredões de som, aqueles famigerados equipamentos sonoros com capacidade de inundar vários quarteirões com um volume insuportavelmente alto e embotar o próprio ato de escutar música.

Não nos interessa entrar no mérito da qualidade da música em questão. Importa, antes, atentar para o modo como esse novo tipo de fruição da “canção” faz emergir uma geração de ouvintes estúpidos, autoritários e arrogantes, incapazes de criar laços solidários através da música, inaptos à vida em comunidade e indiferentes às trocas de experiências pautadas pela arte. Se os diferentes e criativos usos da canção popular no Brasil fizeram a riqueza de nossa música, é desalentador perceber como legiões de adolescentes e jovens (e também de adultos) encerram as possibilidades libertárias, líricas e transcendentes da música no ato – recalcado, poderia propor a psicanálise - de impor a toda uma comunidade a violência e o transtorno de toneladas de decibéis. Quase sempre, aliás, embalados pelo odiável forró eletrônico, carro-chefe do repertório dos paredões (ou vocês já viram algum paredão tocando Jobim, Elomar ou Jacob do Bandolim?). 

Um projeto de lei sobre o tema, de autoria do vereador Guilherme Sampaio (PT), está tramitando na Câmara Municipal e pode trazer uma importante contribuição sobre a regulamentação dos paredões de som em Fortaleza. O PL 0198/2009 já recebeu parecer favorável na comissão de Legislação e aguarda parecer de mérito na Comissão de Meio Ambiente. Em seguida, o documento segue para aprovação em plenário. Não se trata de um esforço legislativo de estabelecer ou dirigir o tipo de consumo musical em Fortaleza. Longe disso. Trata-se apenas de definir o posicionamento jurídico da Cidade em relação aos paredões, equipamentos que, ressalte-se, estão na linha de produção de um forte mercado de acessórios já “respaldado” por alguns vereadores – que prometem dificultar a tramitação da matéria.

Do ponto de vista jurídico, o PL de Guilherme Sampaio é amparado no artigo 225 da Constituição Federal, que incumbe ao poder público o controle da “comercialização de produtos que comportem risco para a qualidade de vida e o meio ambiente”. Segundo a proposta, fica condicionada à emissão de licença pela Semam a montagem de equipamentos de som automotivos cuja soma do diâmetro dos cones dos altofalantes seja superior a oitenta centímetros. O PL também prevê que a montagem desses equipamentos só poderá ser feita em caso de atividade laboral, que deverá ser devidamente comprovada.

Em resumo: uma idéia simples e que poderá ser muito eficaz no ordenamento do cotidiano de Fortaleza. Mais do que proteger o meio ambiente, a proposta de Guilherme pode ser útil, indiretamente, na defesa do nosso patrimônio musical. Não de um gênero específico de canção, mas da música como expressão vital e saudável da cultura brasileira. O que está em jogo é a nossa própria relação com a música. Assim, é importante não deixar nos escapar o fato de que a discussão sobre os rumos da música no Brasil também passa pela discussão – aparentemente prosaica é bem verdade, mas afinal estamos no Brasil - sobre a legalidade da prática, abusiva e violenta, dos paredões. Afinal, como pensar a música popular se o próprio ato de escutar música virou uma barbárie? Como descobrir o novo local da canção em nossa cultura se a fruição musical em uma cidade como a nossa - e também em tantas praias do litoral cearense - está ameaçada por esse estupro sonoro? Que fisionomia musical é possível divisarmos para a nossa cultura a partir desse horror instrumental que são os paredões?

Num ótimo ensaio chamado Algumas questões de música e política no Brasil, Zé Miguel Wisnik propõe que "o ruído da repetição musical (...) é silenciador do ruído enquanto dissonância, e tende a cavar um vazio de sentido onde o ouvido não mais escuta, apenas adere ao aliciamento automático de um 'gosto'". Pois bem, os paredões levaram esse vazio de sentido ao paroxismo, com a diferença de que não estão mais cavando tal buraco apenas para seus proprietários, mas para seu entorno, obrigado, desde o advento dessas máquinas insuportáveis, a compartilhar do não-propósito de tal exercício. 

Com a retomada de seus trabalhos no segundo semestre, a Câmara de Fortaleza pode optar pela preservação da paz, pela preservação da produção de sentidos e, em particular, pela preservação da própria canção. Ou poderá optar pelo caos, ratificando essa barbárie e fazendo de Fortaleza uma Cidade onde, em breve, todos estaremos surdos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A democracia do açoite

"Diante da atual explosão do capitalismo na China, os analistas com frequência perguntam-se quando a democracia política, como acompanhamento político natural do capitalismo, se fortalecerá. Não obstante, uma análise mais detida rapidamente desfaz essa esperança - e se o prometido segundo estágio democrático que se segue ao autoritário vale de lágrimas nunca chegar? Talvez seja isso o que há de mais inquietante sobre a China de hoje: a suspeita de que seu capitalismo autoritário não é apenas uma sobra do nosso passado, a repetição do processo de acumulação capitalista que, na Europa, deu-se do século 16 ao 18, e sim um sinal do nosso futuro.
E se 'a perniciosa combinação do açoite asiático com a bolsa de valores europeia' (a velha caracterização de Trotski da Rússia tsarista) provar-se economicamente mais eficiente que o nosso capitalismo liberal? E se ela sinalizar que a democracia, como a entendemos, não é mais condição e mola propulsora do desenvolvimento econômico, mas seu obstáculo?"
Slavoj Zizek, em A Democracia Corrompida, ensaio publicado na edição de julho da revista Cult.