Minhas esperanças já não dobram
o eixo desta luz.
Não enviesam manhãs
nem
sugerem tardes oblíquas.
Meu peito até
parece
se conformar
com o anverso retilíneo
desta noite.
Não se pergunta:
de que tinta, de que matéria,
este amanhecer?
Não quero a cidade;
o sertão, não quero.
Não há mais sertão nem cidades possíveis.
Sou movido apenas
pela gravidade, fecundando
de horas esse
leito morto: espuma terçã
de pedras, Jaguaribe.
A canção que não há;
a pintura que não há;
a poesia que não há.
Ceci n'est pas une poème!
Mas ainda há o pandeiro,
meu couro rasgando essa tristeza
e fazendo tilintar em platinelas
a vontade de superar a pedra,
de superar o bicho,
de superar o Jaguaribe.
Importa;
cultura é: distanciamento
da natureza,
o homem inventando o homem,
criando novas medidas,
novas tristezas,
para se suportar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário