sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O valor da liberdade de expressão


O sociólogo Demétrio Magnoli é um aríete do neoliberalismo, espécie de viúva de FHC (que, aliás, chegou a escrever a apresentação de um de seus livros) a quem os jornalões pagam um apanágio de projeção midiática. Difere-se do tom irresponsável e canastrão de Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi apenas pela rala plumagem acadêmica que lhe serve de biombo para o tatibitate de rasteiras ideias. Mas é igualmente irresponsável e canastrão. É o típico intelectual sabujo, para usar uma expressão de Mino Carta, com particular fôlego para falar bobagens sobre, por exemplo, a questão racial no Brasil.
Ontem, durante evento da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Magnoli - que, a depender da biruta de quem lhe paga, pode falar sobre qualquer assunto fazendo-se passar por um especialista - saiu-se com uma pérola de fazer corar mesmo o mais "integrado" dos jornalistas. Ao falar da sobrevida dos jornais impressos diante das novas possibilidades de produção e disseminação da informação, defendeu que o impresso é "mais importantes do que nunca" porque impede a "desconstrução" da opinião pública que estaria em curso nos incontáveis palanques de debates criados pela internet. Segundo Magnoli, a credibilidade dos jornais impressos - pasmem! - está associada à ideia de valor, ao dinheiro necessário para publicá-los. "Publicar na internet não custa nada" e por isso, na lógica alucinada do sociólogo, não tem valor.
Ora, ora. O mesmo analista que vive a questionar as tentativas legítimas de controle social da mídia em nome da suposta "liberdade de expressão", que vive tentando colar (de modo ardiloso e cínico) a pecha de anti-democrático no governo Lula, é o mesmo que não sabe conviver com a profusão de tribunas da internet. É por essas e outras que o debate sobre a grande imprensa no Brasil anda tão atravancado e distorcido.

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