terça-feira, 24 de agosto de 2010

A batuta do IMS


Uma das notícias mais animadoras para a cultura brasileira nos últimos anos tem data para acontecer: o próximo dia 31 de agosto. É quando o Instituto Moreira Sales (foto acima) inaugura oficialmente a sua Rádio Batuta.  Trata-se do escoadouro em formato digital do acervo de cerca de cem mil fonogramas de música brasileira - a maior parte, discos de 78 rotações - arquivados e preservados pelo IMS.
A rádio tem coordenação do ensaísta Francisco Bosco, o que por si só também é outra notícia animadora. Intelectual com vasto espectro de interesses estéticos - além de parceiro rotineiro de composição com seu pai, João Bosco -, ele tem proposto uma formato cheio de vitalidade para um acervo que, nas mãos erradas, poderia virar um anódino armazém de secos e molhados. Sua gestão à frente da "emissora" propões novas relações e novos interesses para esse leito extenso de artistas e composições sobre o qual se transcorreu a história fonográfica de nossa música - desde os primeiros registros realizados no Brasil, ainda na primeira década do século passado; até a recente e decantada "crise da canção", que colocou em perspectiva - e numa produtiva oposição - os pensamentos de José Miguel Wisnik e Chico Buarque.
A rádio - que já pode ser ouvida em caráter experimental no site da instituição carioca - é apenas uma das interfaces do IMS e de seu tesouro com o público. O instituto carioca (que mantém "filiais" em São Paulo, Belo Horizonte e Poços de Caldas) também publica livros e revistas (como a ótima Serrote, pilotada por Paulo Roberto Pires), promove exposições e edita partituras - entre elas, a iminente caixa Pixinguinha na pauta: 36 arranjos para o programa 'O pessoal da Velha Guarda', que vai reunir partituras que evidenciam o lado arranjador do chorão-soberano.
Abaixo, algumas ideias de Bosco sobre a música popular, "uma criação cultural brasileira extremamente vigorosa e afirmativa", como ele define nessa entrevista ao programa Entrelinhas.

3 comentários:

marvioli disse...

Por isso o filho da mãe e do João Bosco saiu da Cult. Bom ensaísta.
Fará um bom trabalho no novo posto.

Anônimo disse...

Bosco é um chato como compositor. Mas é ótimo como escritor.

Sandro Farias disse...

O IMS é um ótimo centro cultural. Bom saber da novidade. Pena saber que uma casa como essa, instituição privada, nunca vai chegar aqui em Fortaleza. Abraço