sábado, 6 de novembro de 2010

Poemetes Araújos - XI


Embaço, cheiro de palavra não-dita.
Cada qual se vira na cama
e acorda:
em dias diferentes, em vidas diferentes.

Na casa, o sorriso de Leila Diniz é
ofensa
grave.
Todas as ofensas do mundo.
O desterro é virado pra dentro,
para a sala de estar.
No cabide, os sonhos,
secos e molhados,
esgarçados pelo sol
e pelo sereno,
servem apenas
de decoração.

Ali,
entre o jeans e o casaco,
entre o disco de
Coltrane e o livro
de Calvino,
está o retrato do menino
que ia mudar o mundo:
se um amor supremo numa noite de inverno.
Meio de perfil, meio constrangido.
Seus dentes combinam com o novo jogo
de travesseiros.

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