quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Louis: a cinebiografia muda


Em tempos de cinema comercial cada vez mais dependente, no caso dos Estados Unidos, das extravagâncias tecnológicas, de suportes como o 3-D e de um tatibitate criativo que deixou os estúdios praticamente refém dos super-heróis dos quadrinhos, a notícia soa como um alento. Um filme mudo, preto e branco (com apenas algumas cenas coloridas), sobre a infância do maior nome do jazz, cuja exibição é acompanhada ao vivo por uma orquestra de 11 músicos regida por ninguém menos que Wynton Marsalis. Essa é a ideia de Louis, cinebiografia multimidia do Satchmo dirigida pelo estreante Dan Pritzker (mais conhecido dos colunistas de economia por ser o herdeiro milionário da rede de hotéis Hyatt e por manter um fundo milionário de incentivo a jovens talentos musicais nos EUA). O filme, com toques chaplinianos e um visual exuberante (pelo que se pode depreender do trailer), estreou em Chicago, no último mês de agosto, e desde então vem percorrendo os Estados Unidos numa turnê acompanhada com entusiasmo pelos fãs de jazz e de cinema. Na trilha, Marsalis revisita temas de Duke Ellington, Jelly Roll Morton, Charles Mingus e Louis Moreau Gottschalk, compositor do século XIX.
Simultaneamente à turnê, Pritzker finalizava a "continuação"de Louis, a cinebiografia do pioneiro Buddy Bolden, em que o diretor adotou a mesma plataforma multimidia. Juntos, os dois filmes custaram U$ 10 milhões. Perguntado se faria um projeto como este novamente, Pritzker disse que não poderia filmar histórias que não capturassem completamente sua imaginação. "É tão difícil. Não sei como as pessoas conseguem fazer isso num nível mercenário. Não sei como alguém pode se dispor a fazer algo pelo qual não seja completamente apaixonado", afirmou ao New York Times. Não deixa de ser uma declaração audaciosa, mesmo para um bilionário de pai e mãe.

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