segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Em nome do pai

Para meu pai, Paulo Afonso, 
zagueiro do Ceará Sporting Club nos anos 60. 
Na foto, em pé, o quarto, da esquerda para a direita. 
(Colaboração do meu amigo-irmão Lúcio Flávio).

No estádio de minha memória
há craques, jogadas antológicas, gols inesquecíveis.
Em minha Shangri-La de torcedor, 
se refugia o melhor futebol do mundo,
que soube deter o tempo e é
 praticado apenas por poetas e anjos tortos,
heróis, fiéis escudeiros da arte de 
bem jogar bola.

Treinador de um time de lembranças 
que teimam em misturar alegrias e tristezas, 
quimeras e dolorosas realidades,
sou senhor absoluto do meu elenco. 
Meu time não comporta lugar para 
perna de pau nem futebol de resultados. 
Não há Luxemburgos, Dungas, Parreiras.
 Há apenas verdade e dança e arte e música e alegria e gols.

Nas quatro linhas das minhas lembranças, 
o sol da pureza dos dribles
sempre pára na cara do goleiro adversário.
E cega o técnico turrão, boçal, que arrota 
obviedades e embrutece o barro de nossas chuteiras.

Eu, torcedor, não admito impedimento para
a afirmação da beleza e do profundo 
humanismo que cerca cada passe. 

Meu pai zagueiro, capitão de minha seleção 
de todos os tempos, sempre se antecipa, 
elegante e inabalável, 
à dor ponta direita que, adversária, 
quer vencer nosso time. Sempre sabe a jogada correta 
para qualquer tristeza ponta esquerda que se aproxime da área, 
em meu coração.
Meu pai, zagueiro, sempre, não erra: 
apenas desentorta o tempo e deixa a bola correr redonda 
para a alegria de meus olhos.
E vira senhor de mim.

2 comentários:

Lanna disse...

Meu amor, quase mudei de time. Pronto, passou.

Dante Accioly disse...

Macho,
Pense num blog bom pra caralho!!!!!!!!!! Vou botar lá nos meus preferidos! Parabéns pelo texto.

P.S.: Juro que não sabia que teu pai tinha jogado no Ceará!