A guerra civil bateu recorde de audiência em sua estréia na televisão norte-americana, em 1990. Baseball (1994), por sua vez, é um épico de mais de 18 horas de duração e, assim como seu antecessor, arrebatou dezenas de prêmios dentro e fora dos EUA. Por fim, Jazz (2002), outro épico produzido para a TV, encerra a trilogia de Burns sobre a vida e a cultura norte-americana. No Brasil, o documentário foi exibido na GNT. A série completa foi reunida numa luxuosa caixa de quatro DVDs da Som Livre. Acabo de vencer todas as 13 horas de duração do documentário e posso lhes dizer que foi uma das travessias mais gratificantes que pude experimentar.
Da criação do jazz - relatada por Winton Marsalis em episódios como a invenção da batida chamada "Big Four" - à sua fragmentação em infinitos subgêneros e seu ostracismo dentro da vida cultural dos Estados Unidos, Ken Burns nos conduz por um relicário de imagens e depoimentos dos grandes heróis da história dessa música que é uma das raras expressões artísticas genuinamente norte-americanas. Talvez apenas o blues e o hip-hop possam ostentar esse crédito.
A série de Burns também chegou a inspirar uma coleção de CDs que fez muito sucesso em todo o mundo e através da qual muita gente se iniciou no gênero. Inclusive este blogueiro.
Abaixo, um dos trechos do documentário. Trata-se da passagem em que Burns conta a história da gravação de A Kind of Blue, de Miles Davis, um dos maiores discos de jazz de todos os tempos - e também um dos mais vendidos. Não só porque reunia um time de estrelas (gente já consagrada ou que começaria a se consagrar com o disco) e que já ganhava antes de jogar: John Coltrane, Julian Cannonball Aderley, Paul Chambers e Bill Evans. Mas porque era todo fundamentado em escalas e modos e não mais na harmonia.
Em resumo, um dos inúmeros Miles que vêm para o bem.
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