Um dos disco mais bonitos da história do samba é este Memórias Cantando (1976), de Paulinho da Viola. Na semana passada, (re)encontrei sua versão em CD numa loja. E aqui vale uma dica a quem interessar possa: esta série da EMI, que traz todos os discos de Paulinho gravados entre 69 e 1979, remasterizados em Abbey Road, costuma sair de catálogo rapidinho, de forma que nem pensem duas vezes se quiserem completar a coleção do homem.
Bom, voltando ao disco, Memórias Cantando, como o nome já antecipa, resgata sambas de outros autores que marcaram Paulinho em sua infância e juventude. Nesse time, jogam "Nova Ilusão" (Claudionor Cruz e Pedro Caetano), "Pra que mentir?" (Noel Rosa e Vadico) e "Mente ao meu coração" (F. Malfitano), que aliás foi regravada recentemente no ótimo disco de sambas da Maria Rita. O disco também é formado por músicas de Paulinho compostas para relembrar o espírito de certas épocas, como "O carnaval acabou" e o partido "Perdoa", que, como o próprio Paulinho escreve no encarte do disco, foi feito "à maneira dos velhos sambistas que ficavam horas numa festa ou num boteco tirando versos".
Há ainda a regravação de "Coisas do Mundo, minha nega", dos sambas de sua lavra, um dos quais Paulinho mais gosta. Por fim, vale chamar atenção para o bem-humorado "Meu novo sapato", composto inspirado no balanço e na interpretação de cantores como Mário Reis e Sinhô e que tenta "reafirmar, através da letra, o incômodo e necssário surgimento do novo, questionando e querendo transformar a vida", segundo as palavras de Paulinho.
Os belíssimos encarte e capa do disco é assinado pelo inigualável Elifas Andreato, autor de capa similar para o antológico Memórias chorando, outro disco que Paulinho lançou em 1976 - junto com Memórias Cantando numa espécie de versão siamesa - e que foi responsável por uma nova onda de culto ao chorinho no País. Mas isso é história para um outro tópico.
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