No segundo disco, lançado há coisa de três meses, a turma formada por Caio Márcio (violões e guitarras), Henry Lentino (bandolim), Samuel de Oiveira (sax), Fábio Nin (violão de 7) e Sérgio Krakowski ousou ir mais longe. Os arranjos estão ainda criativos, as improvisações mais audaciosas e o repertório se distanciou dos clássicos do choro, rabiscando peças da MPB ("Arrastão", "Atrás da porta", "Feijoada Completa"), do forró ("Lamento sertanejo"), da bossa nova ("O morro não tem vez"), do rock ("Eleanor Rigby"), do jazz ("My favourite things") e da chamada música erudita ("Trenzinho caipira"). E tem também as participações de Olivia Hime, Lenine e Maria Bethânia.
E o resultado é... Bom, dizer que o resultado é choro poderia causar um mal estar entre alguns cultores do gênero. Dizer que é jazz também poderia maltratar, entre os ouvintes do ramo,certas almas mais afetadas. Quando o assunto é "purismo" e "sectarismo", aliás, há muita bobagem nas duas trincheiras. E é o que, então? Bom, é choro e é jazz. É um choro que se despreendeu das possibilidades existentes até então e passou a caminhar com outras pernas. E é um jazz que, apoiado nos instrumentos do choro, fez soar universal uma expressão de espontaneidade musical tipicamente brasileira.
Em resumo, um discaço que o caro leitor e a cara leitora precisam escutar urgentemente para desaprender tudo o que sabiam sobre choro. E também sobre jazz. Ainda bem!
Segue aí um trechinho dos caras no youtube. (P.S. - Juro que quando aprender a postar trechos das músicas, vou disponibilizar os discos para vocês).
Um comentário:
As boas coisas devem ser preservadas e repassadas, uma delas é o nosso chôro, e não choro- aquela expressão corporal conhecida pelo buá buá ou pelo marejar dos olhos- o "Tira poeira" apresenta o chôro aos mais novos músicos ou jovens imersos no mar de informações desencontradas proporcionadas pela internet, com a identidade cultural em formação. Discutir o que estes rapazes produzem com os seus instrumentos é irrelevante, secundário, totalmente desnecessário. São puristas quando acham que tem que ser, são jazzistas nos momentos em que "os entendidos de música" ficam à espreita para criticar e projetar o dedo indicador na direção deles. Enfim, como diria o dono do blog, como o propriio nome sugere, o grupo tira a poeira e segue em frente. Com certeza vale a pena ouvir e conferir o trabalho deles. Um abraço Felipão
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