Para meu pai, Paulo Afonso,
zagueiro do Ceará Sporting Club nos anos 60.
Na foto, em pé, o quarto, da esquerda para a direita.
(Colaboração do meu amigo-irmão Lúcio Flávio).
No estádio de minha memória
há craques, jogadas antológicas, gols inesquecíveis.
Em minha Shangri-La de torcedor,
se refugia o melhor futebol do mundo,
que soube deter o tempo e é
praticado apenas por poetas e anjos tortos,
heróis, fiéis escudeiros da arte de
bem jogar bola.
Treinador de um time de lembranças
que teimam em misturar alegrias e tristezas,
quimeras e dolorosas realidades,
sou senhor absoluto do meu elenco.
Meu time não comporta lugar para
perna de pau nem futebol de resultados.
Não há Luxemburgos, Dungas, Parreiras.
Há apenas verdade e dança e arte e música e alegria e gols.
Nas quatro linhas das minhas lembranças,
o sol da pureza dos dribles
sempre pára na cara do goleiro adversário.
E cega o técnico turrão, boçal, que arrota
obviedades e embrutece o barro de nossas chuteiras.
Eu, torcedor, não admito impedimento para
a afirmação da beleza e do profundo
humanismo que cerca cada passe.
Meu pai zagueiro, capitão de minha seleção
de todos os tempos, sempre se antecipa,
elegante e inabalável,
à dor ponta direita que, adversária,
quer vencer nosso time. Sempre sabe a jogada correta
para qualquer tristeza ponta esquerda que se aproxime da área,
em meu coração.
Meu pai, zagueiro, sempre, não erra:
apenas desentorta o tempo e deixa a bola correr redonda
para a alegria de meus olhos.
E vira senhor de mim.
2 comentários:
Meu amor, quase mudei de time. Pronto, passou.
Macho,
Pense num blog bom pra caralho!!!!!!!!!! Vou botar lá nos meus preferidos! Parabéns pelo texto.
P.S.: Juro que não sabia que teu pai tinha jogado no Ceará!
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