segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Quem te viu, quem te vê


Depois de tantas "aquarelas", a carreira de Emílio Santiago passou a patinar entre a falsa sofisticação de suas interpretações e um repertório dissonante de seu imenso potencial vocal. Mas nem sempre foi assim. Em 1975, quando estreou em disco, reeditado agora em CD pela Cid (a capa, na foto ao lado), Emílio era puro suingue. Acompanhado por um time de feras poucas vezes reunido na gravação de um disco (ninguém menos que Azimuth, Copinha, Dori Caymmi, Durval Ferreira, Hélio Delmiro, Ivan Lins, João Donato, Vitor Assis Brasil, Márcio Montarroyos, Wilson das Neves e Zé Bodega lhe acompanharam naquele bolachão), Emílio esbanjava balanço e garra em faixas como "Batendo a porta" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro), "Brother" (Jorge Ben) e "Nega Dina" (Zé Ketti). A distância entre aquele cantor que despontava como uma grande promessa da música brasileira e o hoje intérprete de canto asséptico é tamanha que, em geral, as pessoas que escutam pela primeira vez sua versão para "Bananeira", clássico de João Donato e Gilberto Gil que abre o disco, não lhe reconhecem no meio do arranjo primoroso de João Donato. 
Abaixo, aos incrédulos, a gravação de "Bananeira" na voz e no suingue de Emílio Santiago. 

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