Uma chave para a compreensão da música de Charles Mingus é o espírito contraditório de sua personalidade, a alternância entre gentileza e agressividade que marcou sua trajetória e tensionou o músico em momentos decisivos. Um encontro de "ambigüidades", como define o crítico Augusto Pellegrini: da tradição com a vanguarda, da religiosidade com a contestação, da conformação com a revolta. Mestiço de negro e índio, Mingus sempre se considerou um marginalizado e afinou sua música no diapasão do ódio contra o preconceito e a perseguição racista, sentimento que constantemente fazia explodir em sua música - como é o caso da antológica "Haitian Fight Song". Seu estilo ao contrabaixo, ao mesmo tempo percussivo e ágil, já incorporava esse traço de sua personalidade. Dois de seus discos são considerados suas obras-primas: Pithecantropus Erectus (1956) e The Clown (1957). Nos dois, é possível encontrar a estética bem particular dessa fase de Mingus: a preocupação com os arranjos, resultado de sua adoração a Duke Ellington; e a expressão individual de cada músico nos solos, que remete ao seu interesse pelas propostas de Charlie Parker e Thelonious Monk.
Abaixo, a gravação de Haitian Fight Song.
2 comentários:
Poucas coisas são tão vigorosas quanto a música de Charles Mingus. Quem não se arrepia ao escutar essa linha de baixo, cara? Abração
Mingus! Mingus! Mingus!
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