Notas, diálogos e ideias sobre arte, política, afetos e desimportâncias
sábado, 8 de novembro de 2008
Drama: Ação
Este é um dos momentos mais bonitos e corajosos da longa e consagrada carreira de Bethânia. Trata-se do disco Drama, um pérola lançada em 1972 e que marcou decisivamente a transição da juventude para a maturidade artística da cantora. Produzido por Caetano Veloso, que acabara de retornar do exílio em Londres, o disco abre com um "Ponto" contra o autoritarismo da ditadura: "Sou eu que me deito tarde/ Sou eu que levanto cedo/ Sou eu que realço tudo/ Sou eu que não tenho medo". O tom se estendia por outras faixas, como "Negror dos tempos" e "Drama", ambas do próprio Caetano. "Drama/ e ao fim de cada ato/ limpo num pano de prato/ as mãos sujas do sangue/ das canções". A saudação "Iansã" é outro grande momento do disco: "Eu sou um céu para as tuas tempestades/ Deusa pagã dos relâmpagos/ Das chuvas de todo ano/ Dentro de mim".
O disco traz ainda uma inusitada versão rock´n´roll para "Volta por cima", de Paulo Vanzolini. Na época de seu lançamento, Drama consagrou os sucessos "Estácio, holly, Estácio", de Luiz Melodia (que gravaria seu primeiro disco no ano seguinte); e "Anjo Exterminado", de Macalé e Waly Salomão - regravada por Adriana Calcanhoto em disco-tributo a Waly. Em tempo: drama significa "ação" em grego.
Abaixo, um vídeo da turnê de Bethânia de 1973, que era baseada no disco. Fico impressionado como os arranjos daquela época e mesmo a sonoridade de certos instrumentos ainda soam extremamente modernos. E como canta esta criatura!
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