terça-feira, 4 de novembro de 2008

Beatles e uma revolução pecuniária


Os Beatles e os Stones foram tão (des)importantes para a cultura jovem dos anos 60 quanto as Spice Girls nos anos 90. O argumento é do historiador David Fowler, professor da Universidade de Cambridge, para quem as duas bandas foram apenas fenômenos de publicidade movidos por desejos pecuniários.

"Os Beatles fizeram sucesso muito rápido, seu público era formado principalmente por adolescentes, mas não faziam conexões, não promoviam a cultura jovem como um opção de vida. Faziam apenas músicas simplistas, e não acho que promovessem nenhum tipo de mudança. Estavam ali apenas pelo dinheiro, não para mudar o mundo", defende o professor, que acaba de lançar o livro Youth Culture In Modern Britain - 1920-1970 (Ed. Palgrave).

Segundo Fowler, Beatles e Stones tinham a mesma ideologia das Spice Girls. Qual seja, buscavam segurança e dinheiro. Herói da cultura jovem, para ele, era Rolf Gardiner, estudante de Cambridge que, nos anos 20, começou a falar em "jungenkultur", ou "cultura jovem", uma onda de discussões políticas e musicais que começava a ganhar terreno em algumas universidades. Já a ação dos Beatles, teria sempre girado em torno da fama e do dinheiro, "que souberam aproveitar muito bem". Só uma curiosidade: "We´re only in it for the money", aliás, era o nome do disco que Frank Zappa lançou em 1968 num despudorado deboche a seus contemporâneos famosos.

O livro ainda não foi lançado no Brasil. Quando o for, terá trilhado um tortuoso caminho entre polêmicas, ataques e desagravos de beatles e stonemaníacos mundo afora. O que pode inclusive desvirtuar a discussão. Exageros pontuais à parte, essa é uma leitura que pode ajudar muito a compreender os caminhos cada vez mais caretas, auto-indulgentes e musicalmente redundantes que o rock vai trilhando em nossos dias.

3 comentários:

Dante Accioly disse...

Pode até ser que os Beatles não tenham pretendido mudar o mundo com suas músicas. Mas conseguiram.

Anônimo disse...

É verdade. Mudaram o mundo e a mentalidade de muita gente. Acho que esse professor estava dormindo nos anos 60 e não percebeu nada disso.

Anônimo disse...

Olha, discutir o fato deles terem ganho muito dinheiro é secundário diante da importância e da genialidade da música dos Beatles e dos Stones, que também não têm culpa, seu Felipe, do rockzinho meio boca que essa garotada anda fazendo aí. Tem que pensar antes de falar dos Beatles...