No encarte do monumental A Love Supreme (1964), John Coltrane explica a motivação espiritual que cercou a gravação do disco. O saxofonista, que, no fim da década anterior, lançara o álbum Giant Steps, onde se afirmara como band-leader, solista e criador original; e passara a desbravar novos horizontes para o jazz, encerrava a primeira fase de sua revolução musical e voltava sua técnica para a exaltação de temáticas místicas. Sempre munido da impressionante extensão sonora de seu saxofone, que lhe permitia a mesma intensidade de som num arco que ia da nota mais grave que se pode obter no instrumento até aquela região agudíssima, umas três oitavas acima. "Durante o ano de 1957, experimentei, pela graça de Deus, um despertar espiritual que me levaria a uma vida mais rica, mais plena, mais produtiva. Naquele momento de gratidão, eu humildemente pedi que me fossem dados os meios e o privilégio de fazer os outros felizes por meio da música", ele escreveu. Os bastidores de gravação do disco - assim como a repercussão que o LP teve na carreira de Coltrane, que passou à condição de santo na Igreja Africana Ortodoxa de São John Coltrane em São Francisco, na Califórnia - são contados pelo escritor Ashley Kahn no livro A Love Supreme - A criação do álbum clássico de John Coltrane, que a editora Barracuda colocou nas livrarias.
Abaixo, o santo, digo, o homem em dois momentos antológicos. O primeiro é um vídeo raro de seu quarteto executando "Afro Blue", que não está no LP A Love Supreme mas é um dos melhores cartões de visita de Coltrane. Em seguida, vem uma releitura da primeira das quatro partes de "A love supreme", com o quarteto de Branford Marsalis.
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