"O trabalho do Rodrigo mistura mundo interno e externo de maneira radical. É uma escrita feroz. O cara não brincava em serviço, não escrevia por charme ou pedantismo. Escrevia com imensa coragem, para resistir à loucura, e para existir", define o crítico José Castello, em matéria publicada n'O Globo no último domingo.
Implacável e bela, a escrita de Rodrigo atordoa, descortinando a loucura que faz pulsar o tecido do nosso mundo real. Seu trópico é o do inconsciente, com cujos fios nos amarra a nossa realidade e em cujos retalhos expõe suas vísceras. Nem mártir nem arauto. Nem prosa nem poesia. Uma cusparada de poesia, ódio, amor e fúria na cara dos "caretas". Um desabafo que reafirma a necessidade de nossa conexão com o mundo através da escrita, um soco que tenta nos arrancar da letargia de nosso tempo. Um grito desesperado que tenta nos trazer novamente à tona de nossos sentidos.
"Rodrigo é beato. Acredita em deuses. Cristo. Iemanjá. Apolo. Afrodite. Ateneia. Exu. Afrodite. mickey Mouse. Chaves. (...) Tudo o que vem do humano é Deus. Uma geladeira. Uma máquina de lavar. Conheci os deuses na infância. Garotos que morreram. Solidões inóspitas que só se davam comigo. Café com leite. A utopia é importante. Escrever uma página hoje já é uma utopia. O futuro manda lembranças. As lambanças que fiz. Que farei. Eu sofro. Sofro de um sopro de vida", ele escreve em um trecho de Me roubaram uns dias.
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