Olhando nos olhos de Stalin e Trotski, Zulmira Ponte Preta fez a previsão: "Vocês são tão calhordas que vão acabar inimigos". As amizades influentes e o "rigor" da análise política são apenas dois entre os inúmeros predicados da tia de Stanislaw Ponte Preta, o personagem criado por Sérgio Porto que, de tão famoso em seus escritos, ofuscou seu próprio autor e acabou ganhando uma árvore genealógica. Numa das pontas dessa árvore, estava Zulmira, que também foi cozinheira da Coluna Prestes, musa de Noel Rosa e paquera de Charles Darwin, além de ter sido professora de literatura de "discípulos" que lhe veneravam; entre eles, Andrézinho, que era como se referia a André Gide.
Publicado originalmente em 1961, Tia Zulmira e Eu voltou às livrarias em edição da Agir, com direito a ilustrações e apresentação de Jaguar e prefácio do próprio Sérgio Porto, que, garante, não "suportava" uma leitura mais detida dos escritos de Stanislaw. Com o livro, avisa a editora, a Agir prossegue com a deliciosa reedição da obra integral desses "autores impagáveis", Stanislaw Ponte Preta e Sérgio Porto - "Não necessariamente nessa ordem". A leitura da obra de Stanislaw é, de certo modo, a releitura de uma época em que o Brasil sabia rir de seu próprio "festival de besteiras" e ainda era capaz de enxergar "o frondoso absurdo de sua própria realidade". Tanto que foi capaz de produzir "intelectuais" de finíssima cepa como Millôr Fernandes e o próprio Sérgio Porto.
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