Um dos textos mais famosos de Jorge Luis Borges é Biblioteca de Babel, um conto em que o escritor argentino propõe ao leitor uma biblioteca infinita, matriz da própria realidade. Ou das realidades, dependendo do modo como o leitor articula suas leituras dentro do acervo disponível naquele espaço. Como o mundo é uma construção que se opera no âmbito da linguagem, a partir da leitura de Borges podemos comparar a realidade a uma grande biblioteca cheia de infinitos textos e infinitas possibilidades de articulação desses textos.
Lembrei do texto de Borges ao saber do lançamento da Biblioteca Digital Mundial (ou World Digital Library, da sigla WDL), uma iniciativa da Unesco que vai permitir ao internauta o acesso gratuito ao acervo de bibliotecas e instituições culturais de inúmeros países. Entre eles, o Brasil. A WDL foi lançada na última terça-feira e é formada dezenas de milhares de livros, imagens, manuscritos, mapas, filmes e gravações disponíveis em bibliotecas de todo o mundo. Esse acervo global foi digitalizado pela Unesco, traduzido para diversas línguas e reunido no site da Biblioteca Digital (www.wdl.org).
Entre as preciosidades disponíveis no site, estão tesouros como O Conde de Genji, romance japonês datado do século XI e considerado um dos mais antigos do mundo; o primeiro mapa que menciona a América, uma obra datada de 1507 produzida pelo frei alemão Martin Waldseemueller; e o maior manuscrito medieval do mundo, conhecido como a Bíblia do Diabo, que pertence à Biblioteca Real de Estocolmo, na Suécia.
O projeto contou com a colaboração de 32 instituições, de países como Brasil, China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, México, Rússia, Arábia Saudita, Egito, Uganda, Israel e Japão. O
lançamento do site será acompanhado de uma campanha para conseguir aumentar o número de países com instituições parceiras para 60 até o final do ano. "As instituições continuam proprietárias de seu conteúdo cultural. O fato de ele estar no site da Unesco não impede que seja proposto também a outras bibliotecas", explicou Abdelaziz Abid, coordenador do projeto.
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