Provinciano!
Prefiro cortar o pulso de meus olhos
e fazer de Vinícius de Moraes o embaixador
de minha ditadura;
prefiro servir
a ternura como receita de meu pragmatismo;
tomar o aqui como a medida do além.
Obrigado, mas não.
Prefiro sangrar meus ouvidos
e fazer de Drummond o vigia desta tarde;
fazer de Jackson o engenheiro de meu
parque de diversões.
Obrigado, mas prefiro o pandeiro,
o samba,
o carnaval,
essa ação de graças em meus dias.
Prefiro a crítica da consciência à consciência crítica.
Obrigado, mas não.
Prefiro o joelho de Nara Leão,
a manhã tropical e a rede de Dorival.
Prefiro arrancar a língua da América e fazer
de Jobim o Colombo de minha Espanha,
em fuga para as Índias
e para as morenas.
Iracema é América!
Prefiro fazer de Cabral (o João), o Sinatra
de meu silêncio.
Prefiro o sim de Gullar, o gorjeio de Patativa e o aconchego de
um sorriso amigo.
Jericoacara é minha Guantanamo.
Quero inventar-me cais.
Prefiro o futuro, a Praia do Futuro.
Paulinho da Viola e essa saudade que ainda não vivo,
mas não curo.
Obrigado, mas não.
Novembro de 2009
3 comentários:
Simplesmente gostei de ler...
Bravo, caro Felipe!
Belo poema. Parabéns!
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