terça-feira, 29 de setembro de 2009

Jornal Nacional: a "cadeia de comando"

Abaixo, um texto enviado por um caro colaborador deste blog e publicado originalmente no www.fazendomedia.com (já citado por essas latitudes). Uma boa provocação dentro da efeméride dos 40 anos de Jornal Nacional. O texto foi reproduzido mediante autorização de um de seus autores, o professor Denilson Botelho, da Universidade Federal do Piauí (UFPI).


JORNAL NACIONAL: A “CADEIA DE COMANDO”*

Por Redação, 25.09.2009


Visto de dentro, o JN se assemelha a um funil. Passam por ele, todos os dias, centenas de fatos e eventos do mundo inteiro. De tudo, apenas 25 notícias em média chegam aos telespectadores. A operação desse filtro constitui a essência do trabalho do JN. A qualidade da filtragem, aliada à preparação e apresentação cuidadosa daquilo que passa por ela, faz do programa o mais importante formador de opinião do Brasil. Há quatro décadas.

Bonner não decide solitariamente tudo o que vai ou não vai ao ar. Várias vezes ao dia, confabula com seu chefe direto – Ali Kamel, diretor da Central Globo de Jornalismo, que responde por todos os programas jornalísticos da Rede Globo. Kamel, por sua vez, conversa com frequência com o chefe de ambos, o gaúcho Carlos Henrique Schröder, diretor-geral de Jornalismo e Esporte da emissora. Essa é a cadeia de comando.

Lido de forma crítica, este trecho (e outros) – disponível no próprio site da Rede Globo, aqui – é uma denúncia. O Jornal Nacional é uma produção autoritária, liderada por estrategistas das Organizações Globo a serviço de seus interesses empresariais (vide matérias da TV Digital ou sobre a Rede Record/IURD, entre centenas de exemplos diários). É um instrumento ideológico clássico, que 40 milhões de pessoas que nunca leram ou entenderam Gramsci recebem diariamente (e não é preciso lê-lo para entender o mecanismo, mas vale a leitura para quem efetivamente acredita na democracia).

As matérias seguem o padrão da “obviedade” – éóbvio que os temas são X, Y, Z… -, da novidade (muitas vezes o que é “velho”, porém importante, é deixado de lado), da superficialidade e descontextualização (o texto citado denuncia isso), da rapidez (própria da economia, não da realidade social). Os temas de caráter mais político obedecem ao script ideológico de seus “donos”, como é possível visualizar neste pequeno texto. Há tantos filtros que é impossível termos qualquer busca por “imparcialidade” .

E o pior é que um dos lugares privilegiados e históricos, na sociedade civil, de crítica a estes mecanismos – a Universidade – está comprometido, sobretudo no campo de formação dos profissionais que produzem as matérias: a Comunicação. Basta notar que o Departamento de Comunicação da PUC-Rio é quase que um setor de extensão universitária da TV Globo (não é nenhuma novidade, para quem conhece) e a coordenadora de jornalismo da Escola de Comunicação da UFRJ é coordenadora da Globo Universidade (aqui).

Perdemos muito, como sociedade civil, ao assistir a esse show de autoritarismo no campo da informação – notavelmente, um campo muito importante para o desenvolvimento de qualquer país.


O braço acadêmico da “cadeia de comando”

Nas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), também na zona sul do Rio de Janeiro, uma das mais renomadas na área da comunicação, não é diferente:  até porque parte do seu corpo docente leciona em ambas universidades. Em torno de 90% das atividades extra classe, sobretudo as palestras, são realizadas com profissionais da Globo ou algo relacionado à corporação. SeuJornal Laboratório, desativado no semestre passado, sem qualquer esclarecimento aos alunos, tinha como editor um ex-profissional de O Globo:  o projeto era regido numa dinâmica completamente empresarial, engessada, acrítica, sem levar em consideração que o jornal é feito por e para universitários, gratuitamente.

E mais: a disciplina de redação e edição em televisão, cujos formandos em jornalismo têm que cursar, quem dá a aula era editor de um programa da Globo News. Toda a sua matéria é desenvolvida em função dos vídeos que ele apresenta nos bastidores da emissora, logo nos primeiros dias de aula. No final das contas, não se trata de uma formação, mas sim instrução, quase um adestramento para um modelo pré determinado e incontestável.

Contudo, tal fenômeno não se verifica apenas na PUC-RJ e na Facha, mas também em outras universidades particulares. Talvez a diferença esteja no fato de que a PUC e a Facha ainda consigam inserir nos seus quadros docentes os “profissionais do mercado”, que é como os coordenadores e diretores chamam essas criaturas que podem até ser excelentes jornalistas, embora deixem muito a desejar como professores, na medida em que não estão preocupados em formar jornalistas com senso crítico, mas sim mão-de-obra para as grandes empresas. Os técnicos do lide!

Um aspecto grotesco dessa relação promíscua entre universidades particulares e grandes empresas é a realização de palestras ou semanas de comunicação que os cursos organizam. Existe toda uma pressão para tentar convidar repórteres ou apresentadores que metem a cara no video e são mais conhecidos. Seria uma forma demarketing junto aos alunos ingênuos: “olha, a faculdade vai trazer o fulano para falar na Semana de Comunicação!” E muitos ficam encantados e seduzidos pela proximidade com aquela mistura de jornalista e celebridade.

O problema é que muitas vezes o tal repórter global vem e… não tem nada para dizer. Assim já ocorreu com Eduardo Tchao, Gloria Maria, Sidney Rezende e outros. O Tchao certa vez defendeu que fazer jornalismo é essencialmente dar furo. Questionado sobre a ética do furo – lembremo-nos do caso Escola Base –, o mesmo não se fez de rogado e disse que “problemas acontecem e é preciso ter cuidado”. Mas pregar a ética do furo para estudante de jornalismo é inaceitável, convenhamos! Glória Maria, em outra ocasião, levou um video com trechos de reportagens que fez, os exibiu e falou “agora pode perguntar, gente!” Isso é palestra???

Essas universidades particulares ficam tentando se aproximar das grandes empresas como se jornalista só tivesse esse destino: trabalhar numa grande emissora. Ou seja, há muito tempo perdeu-se essa perspectiva de uma formação crítica nos cursos de comunicação. Virou fábrica de fazer salsicha mesmo! Lembra mesmo aquela célebre sequência do filme The Wall.

O lugar da formação crítica, quando existe, está nas públicas. Quando existe!


(*) Por Denilson Botelho, Eduardo Sá e Gustavo Barreto. Os autores são editores de educação, cultura e internacional do Fazendo Media, respectivamente. O professor Denilson Botelho se encontra atualmente no Piauí, onde dá aula na Universidade Federal do Piauí (UFPI).

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Tatibitate espiritual


"Pode o Deus onisciente, que/ sabe o futuro, encontrar/ a onipotência de/ mudar sua idéia futura?" Karen Owens.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Céu na Terra


Logo nas primeiras canções é possível notar que Céu é uma cantora com uma rara peculiaridade: sua voz é ainda melhor ao vivo do que em estúdio. Em geral, a experiência da audição ao vivo de um intérprete é sempre mais intensa do que a audição do registro fonográfico. No caso de Céu, no entanto, sua performance amplia seu horizonte e sua extensão vocal, ressalta seu canto apurado, uma intrigante mistura de referências que vão dos vocais poderosos das divas do soul à divisão apurada de algumas sambistas. Aqueles que, como eu, sugestionados pela audição de seus dois discos, esperava ouvir os falsetes aveludados e a delicada malemolência de sua voz, se surpreendeu com uma cantora ainda maior no palco do Centro de Convenções no último sábado. 
Em vez de alguém cantando ao nosso ouvido, o que se viu foi uma artista de rara espontaneidade, dona de uma voz e de uma mise-en-scéne que transborda sua estampa angelical. Samba, reggae, jazz, o que vier ela traça. Céu canta com tal domínio de seus recursos e com tal segurança de seus gestos que o público inexoravelmente se rende a seus apelos, mesmo que eles venham embalados por um figurino meio confuso, opaco, pouco cativante; ou de passos (deliciosa e elegantemente) desengoçados, sobre os quais ela saracoteia por todo o palco  - uma mistura de reggae e samba que é simplesmente irresistível. Ah, sim, e a banda que lhe acompanha é muito, muito boa. Mas, creia-me, os músicos são a última coisa em que você vai reparar no show.

Abaixo, um trecho do show em Fortaleza no último sábado.

O som, o sentido e o free jazz

Já é um tanto repisada a discussão segundo a qual letra de música seria ou não poesia. Em seu ótimo Banalogias (já pontuado por aqui)Francisco Bosco escreve uma análise muito produtiva sobre o tema, segundo a qual tratam-se de duas coisas diferentes - a letra afirmando-se pela dupla articulação entre verbo e música; enquanto o poema guarda a especificidade de sua natureza verbal. Não há, no entanto, ordem hierárquica a separar essas duas expressões do ponto de vista da qualidade de suas realizações estéticas. "O poema está só, a letra está acompanhada", resume o ensaísta. Pois bem, superada essa discussão-clichê, uma outra se revela com maior interesse: e a música? Como elemento que, nesse sentido, estabelece a diferença entre letra musical e poema, ela assumiria, de maneira inconciliável, uma oposição à poesia?
É clássica, por exemplo, a rejeição de João Cabral de Mello Neto à música. O poeta que lidava com as palavras com a mesma crueza e precisão de um médico no trato com o corpo humano simplesmente não gostava de música. Consta que o Hino Nacional e o Hino de Pernambuco são as duas únicas composições que conseguia reconhecer. "Quando quero entender alguma coisa, leio", dizia o poeta, que garantia não ter nenhum ouvido musical. Parte dessa resistência de Cabral à música se explica, segundo o próprio, pelo trauma da imposição da música religiosa em sua infância. Outra parte dessa rejeição, no entanto, se explica pela desconfiança que o poeta nutria pela subjetividade, pela "emoção fácil". E que emoção poderia ser mais fácil que a música, aquela expressão que simplesmente prescindia das palavras para se manifestar? Nada mais difícil para alguém que tinha de ler para entender.
Quando Ornette Coleman (foto acima) - a partir de antecipações feitas por gente como Mingus, Miles Davis e Coltrane - lançou as bases do free jazz e propôs que "tocar jazz significa tocar música, e não apenas o que ela representa", tentou separar em definitivo, no âmbito musical, significante e significado. A idéia era que, à medida que tocasse, o músico se tornasse o próprio compositor, liberado das amarras da tonalidade, das células rítmicas, da melodia e dos arranjos. Não havia sentidos possíveis senão aqueles intrínsecos à composição/execução musical. A música assumia a radicalidade de seus signos. Parecia não ser mais possível operar, no campo musical, aquela "motivação dos signos" a que se referia Mallarmé e que consistia na tarefa primordial dos poetas, qual seja, consertar a relação arbitrária entre os sons das palavras (no caso, das notas musicais) e seus significados.
Música e poesia assumem, nessa radicalidade de João Cabral e do free jazz, por exemplo, uma oposição que só poderia ser abolida no campo da música popular, quando essa motivação de signos era retomada a partir das melodias ou das letras. Essa compreensão, no entanto, vem permeada de tal exagero que é como limitasse a fruição, mesmo da peça mais exuberante de Wayne Shorter, John Cage, Stockhausen e outros, à identificação aleatória de proezas técnicas ou de texturas orquestrais. Mesmo aí há a relação sentimental que o ouvinte estabelece com a música. Mesmo aí há as construções de imagens afetivas ou conceituais que, se não vêm embaladas pela palavra, se não podem ser "ditas", fazem os signos musicais se motivarem, se "consertarem". 

Abaixo, o Sr. Free Jazz, Ornette Coleman, em ação.


sábado, 19 de setembro de 2009

Um olimpo musical

O fim dos anos 70 foi uma época difícil para os sambistas, segregados em sua própria terra pela onipresença da disco music nas rádios, tvs e casas de shows. As caras exceções eram apenas a presença de Beth Carvalho, Alcione e Clara Nunes na lista dos mais vendidos. Como contraponto a essa tendência, nomes como João Nogueira começaram a articular ações de resistência, como a criação do Clube do Samba, que abriram frestas dentro de um mercado musical chapado e, sim, alienado em relação às nossas tradições populares. Essas ações começaram a fermentar e, por conta do automático engajamento popular, lograram furar a rejeição de alguns veículos, como a Rede Globo, que produziu alguns especiais reunindo a fina flor do samba da época. O vídeo abaixo, produzido para o Fantástico em 1979, é um deles. Por conta do elenco reunido (Cartola, Aniceto do Império, Monarco, Geraldo Babão, Xangô e Darci da Mangueira, Clementina de Jesus, Dona Inove Lara, Elton Medeiros, entre outros), é um registro antológico, um verdadeiro olimpo musical do samba de todos os tempos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Milton: Travessia

Em 1967, Milton Nascimento conseguiu realizar o sonho de gravar com o Tamba Trio - na época, já Tamba Quatro. Depois do sucesso da música “Travessia” (parceria com Fernando Brant) no Festival Internacional da Canção, Milton foi convidado para gravar seu primeiro LP e exigiu a presença de Luiz Eça na elaboração dos arranjos; e de seus escudeiros no Tamba (Ohana na bateria, Dório no baixo e Bebeto na flauta), no acompanhamento. O encontro foi viabilizado e originou o disco Milton Nascimento (capa acima), que lhe consagrou nacionalmente e começou a inscrever uma nova geração de músicos mineiros no mapa da música brasileira. No comando dos arranjos e da orquestração, Eça adaptou os arranjos originais de Eumir Deodato para “Travessia” e “Morro Velho”, com os quais Milton havia defendido as músicas no festival. O resultado é uma atmosfera de leveza e criatividade que ainda hoje soa moderna, serenamente provocante. 
“Sem apresentar rupturas com as conquistas da bossa nova, exibindo especialmente uma continuidade em relação ao samba-jazz carioca, Milton sugeriu uma fusão que - partindo de premissas muito outras e de uma premissa brasileira - confluía com a fusion inaugurada por Miles Davis. Essa fusão brasileira desconcertou e apaixonou os próprios seguidores da fusion americana”, derrama-se Caetano Veloso em elogio registrado no encarte da edição do disco em CD, editado pela Dubas em 2002 com o título de Travessia.
Abaixo, a faixa "Gira Girou", cujo arranjo de Eça é um dos melhores momentos do disco. 

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Cocteau malabarista e outros silêncios

Tolstoi refestalado sob a sombra de uma árvore, envolvido pela leitura e pela folhagem impressionista de Repin. O leitor absorto de Manet e seu cândido duelo com uma calhamaço apoiado à mesa. O Quixote de Daumier, de olhar eletrizado; e o leitor de Meissonier, de relapsa elegância. Jean Cocteau malabarista, equilibrandro livro, cigarro, caneta e gestos na fotografia de Philipe Halsman. O leitor desolado de Nancy Bea Miller e uma Marilyn Monroe com um ar ingenuamente professoral na foto de Dave Cicero. Essas e inúmeras outras imagens formam o blog o silêncio dos livros, que deliberadamente dispensa as palavras para se concentrar em imagens (clássicas algumas das quais) da leitura. "Navegar nele dá uma paz danada. E faz pensar na solidão de Hopper quase sempre povoada por um livro, na bela Marilyn e na desgrenhada Patti Smith concentradas em suas leituras, no livro na cadeira de Van Gogh e nas mãos do Doutor Gachet, em cenas de Godard e no tocante anjo de Wim Wenders, nas mãos do profeta Zaccaria de Michelangelo ou de Corto Maltese", pontua Paulo Roberto Pires em seu blog, de onde colhi a dica de navegação.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Livro mostra como FHC foi financiado pela CIA

Vale reproduzir a coluna do jornalista Sebastião Nery, publicada no último dia 5 de setembro, no jornal Tribuna da Imprensa. Mesmo porque esse livro-terremoto da inglesa Frances Stonor vai passar batido entre os jornalões. Todos às livrarias para garantir um exemplar do livro que, no Brasil, foi publicado pela editora Record.
 

Quem pagou 
Acaba de chegar às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: "Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura", da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro). Quem "pagava a conta" era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas: "Consistente e fascinante" ("The Washington Post"). "Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" ("Spectator"). "Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente" ("The Times").
Dinheiro da CIA para FHC 
"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap". Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69.
Fundação Ford 
Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.
Agente da CIA 
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos. Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias. Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
Milhões de dólares 
1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153). 
2 - "O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…" (pág. 152). "A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria" (pág. 443). 
3 - "A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147). 

FHC facinho
4 - "Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante" (pág. 123). 
5 - "Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil" (pág. 119). 
6 - "A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.
E pensar que esse pústula nos governou (e quebrou o Brasil) por oito anos!

domingo, 13 de setembro de 2009

Diálogos Possíveis: Lúcio Flávio Chaves Holanda


Algumas provocações para Lúcio Flávio Chaves Holanda, pesquisador e escritor, autor de Um retrato em branco e preto (2004), livro sobre o Ceará Sporting Club que se tornou uma importante referência sobre a história do futebol cearense. 


Talabarte - Você acompanha futebol há quase 40 anos. Qual a sua reação diante de argumentos como "o futebol foi perdendo o brilho", "hoje não se fabricam mais craques como antigamente", "o futebol de outrora era mais bem jogado", etc?

Lúcio FlávioO tempo não para..., 39 anos que acompanho futebol e quase 50 de idade... não há como negar: Estou ficando velho! E um dos sintomas de quem está avançando na idade é dizer que “não se fazem mais coisas boas como antigamente...”. É tudo verdade! Quem viu Zé Eduardo, Edmar, Serginho “Amizade”, Artur, Samuel, Da Costa, Amilton Melo, Lúcio Flávio, Chinesinho, Louro, Croinha, Mimi... (pra não falar numa outra porção deles) jogar – o futebol de hoje não tem mais brilho algum. Os meias, volantes e zagueiros de hoje não calçariam as chuteiras de nenhum jogador que citei anteriormente. Craques – no verdadeiro sentido da palavra – nos dias de hoje, se contam nos dedos. Eu devo ser um dos poucos admiradores do chamado “futebol-arte”, futebol cadenciado, futebol bem mais jogado que esse de hoje onde impera o preparo físico e a correria desenfreada (o chamado futebol força, que o gaúcho Eduardo Bueno tanto enaltece e eu abomino). Prefiro ver uma Seleção Brasileira de 1982, comandada por Telê Santana, que não ganhou o Mundial, que assistir algum jogo da Seleão de 2002, capitaneanda pelo Felipão que ganhou a Copa, mas com jogadores mascarados como Roberto Carlos, Cafu (e Ronaldo, em 2006, gordo que nem uma baleia, dizendo que “estava em forma” e fazendo aquela lambança toda – e por conta deste último Mundial, não quero mais acordo com Seleção Brasileira!).

 

Talabarte - Você é um dos raros pesquisadores sobre a história do futebol cearense. Por que a memória dos nossos gramados desperta tão pouco interesse entre os pesquisadores?

Lúcio Flávio - Se você me permitir discordar, não acho que sou “um dos raros” – tem aí o Alberto Damasceno, o Nirez Azevedo, só o Aírton de Farias tem uns 4 livros. Existem mais pessoas cuidando da memória de nosso pobre futebol que imaginamos. Uma vez em conversa com o Rafael Luis, para uma matéria que ele estava fazendo sobre futebol em um jornal de nossa cidade, ele me falou que existem (salvo engano...) pra mais de 30 livros narrando histórias do futebol cearense. Embora concorde que isso é pouco para um assunto tão vasto e que conta muito de nossos costumes. Mas, talvez, isso tenha a ver com a falta de vontade de ler dos torcedores, de um modo geral. Às vezes acho que os torcedores se limitam a lerem as colunas diárias dos cronistas esportivos – que tem mais fofocas (do tipo “liguem os fios” ou “há alguma coisa no ar”...) que fatos. Escrever um livro com mais de 200 páginas dá trabalho. São meses a fio coletando dados, checando datas (e mesmo assim, enganos acontecem), fazendo a difícil escolha do que vai entrar e do que vai ficar de fora, até o fechamento final da publicação. A gente que faz algum tipo de pesquisa e quer que esse material chegue às mãos dos torcedores, muitas vezes, ficamos com a sensação de que somente “uns gatos pingados” (entre eles, os amigos) vão ler. A maioria dos torcedores se ligam no momento atual de seu time, acho que eles não dão a devida importância para a história/memória que esta merece. Acho que se eles demonstrassem uma maior avidez por leitura, talvez os pesquisadores escrevessem mais... não sei se é por aí, mas acho que tem um pouco disso - falta de interesse em ler (em tempo: atualmente, tem uma amiga – a Jô de Castro – que está fazendo uma tese de doutorado sobre futebol e eu fiquei surpreso com a relação de títulos escritos sobre futebol nos últimos 10/15 anos que ela me mostrou... mas, não tratam muito de história, estão mais na área da sociologia, da antropologia... mas isso é ótimo!).

 

Talabarte - Quais as principais dificuldades para um pesquisador que, como você, atua na contra-mão dessa tradição de esquecimento?

Lúcio FlávioO material em si. Quando ele está em biblioteca pública – e a Menezes Pimentel tem um ótimo acervo – está um pouco deteriorado, não por falta de cuidado dos funcionários... mas por conta dos usuários: eu fiquei pasmo em ver folhas de jornais arrancadas (literalmente), outras riscadas de caneta (o que é que se passa na mente de um indivíduo desse?). Um crime à nossa memória! Isso é lamentável. E quando está nas mãos de particulares, alguns criam dificuldades para mostrar, num afã de achar que “só eu possuo esse material e ninguém mais”... Qual a importância de se guardar informações, privando as pessoas em geral de ter acesso a elas? Eu prefiro que o pouco que possuo fique ao alcance de quem mostrar interesse (teve um particular que, uma vez ao procurá-lo para pesquisar em seu arquivo, na véspera de minha ida à sua casa, ele me ligou dizendo que “não havia encontrado o material”... estranho, não?!... quando eu liguei ele deu o “ok”, mas quando ia consultar seu material ele preferiu “guardar para si”... não fui eu que perdi com isso, foram os torcedores em geral, porque seria um material que iria ser publicado). Resumo da ópera: quando o material não está danificado, está muito bem guardado.

 

Talabarte - Você é autor de um livro e de uma revista-livro sobre o Ceará Sporting Club. Que particularidades você destacaria na história do clube? O que faz do Ceará o Ceará?

Lúcio FlávioMinha resposta não vai ser exatamente o que você perguntou, vou fazer diferente. Vou contar uma história que, talvez, ajude a responder a última indagação. O primeiro jogo que fui no P.V., eu tinha 10 anos, fui levado por um tio torcedor do “Ferrim”, o time-da-estrada-de-ferro possuía um verdadeiro esquadrão – mas, já aquela época, a maioria de seus torcedores eram pessoas idosas (com radinho de pilha no ouvido e levando uma almofada embaixo do braço), conversavam mais entre si que assistiam o jogo. Posteriormente, outro tio me levou para ver algumas partidas do “Leão do Pici”, a gente ia pras cadeiras cativas. Mesmo criança, eu percebi algo na torcida tricolor que não me agradava: quando o “Leão” fazia um gol, sua torcida se voltava para os torcedores do outro time e fazia aquele aceno com a mão acenando, dizendo: “Podem ir embora, pobreza!... que vocês hoje vão apanhar é de goleada!...”. Achava estranho eles darem mais valor a menosprezar a torcida adversária que comemorar o gol feito por sua equipe. Quando fui ver um jogo do “Alvinegro de Porangabuçu”, tudo mudou. Quem fez essa diferença foi a torcida. Enquanto a do “Ferrim” era de senhores carecas, barrigudos e de camiseta; a do “Leão” era de pais com seus garotos bem banhados e excesso de talco no cangote, que não queriam muita proximidade com a ralé; a do “Vovô” era a alegria em forma de gente – cheia de papudinhos, desdentados, magricelos, camisas rasgadas... mas, por tudo fazia festa. Quando o time fazia um gol, a alegria era geral. Abraçava quem não conhecia, ria de felicidade, era um carnaval nas arquibancadas. Essa imagem foi a que guardei. Quando eu cresci é que compreendi que aquela mundiça era o “povo”. A torcida era de gente do povo. Talvez seja isso uma das coisas que faz do “Ceará ser o Ceará” – uma de suas particularidades: Quando o time ganhava um campeonato, a cidade se modificava. O povo, a raia miúda, ia pra rua. Era toda uma enorme massa a comemorar. Quando outro time ganhava, “the day after”, a cidade já tinha voltado à sua rotina diária e parecia que nada tinha acontecido.


Talabarte - Qual o melhor jogador que você já viu em ação em nossos estádios?

Lúcio Flávio - Essa resposta é pêi-bufe: Zé Eduardo. Noutros assuntos, é difícil escolher um único nome – na música, no teatro, na dança... quem é o melhor cantor, quem é omelhor ator... – mas, ao vivo, “in loco”, no velho P.V. véi de guerra, meus olhos sempre vão procurar pelo “Super-Zé”... pena que não vão encontrar outro igual.

 

Talabarte - Qual o pior?

Lúcio Flávio - Aí não dá pra dizer quem é o... essa não dá pra responder num único nome. Mas um dos piores que vi jogar (se é que isso é possível!?!... já que era tão ruim mesmo) foi um volante que passou há pouco tempo pelo “Alvinegro de Porangabuçu” chamado Pansera (até o nome é de lascar...), esse não deixou saudade! Queria saber quem foi que indicou esse cara?!?... só pode ter sido por sacanagem ou querer lascar o clube.

 

Talabarte - A favor ou contra as torcidas organizadas?

Lúcio FlávioPor favor, escreva minha resposta em caixa alta, negrito e sublinhado: EU SOU RADICALMENTE CONTRA!!!... Quem vai pra estádio pra brigar em vez de curtir o jogo, merece é cacete da polícia! Mesmo que não pareça (pelo que acabei de dizer), mas sou totalmente a favor dos “direitos humanos”, completamente favorável ao “princípio da dignidade da pessoa humana”... Não acho que causas/problemas sociais devam ser tratados como “caso de polícia” – mas, nesse caso da “torcida organizada” (sic!) eu abro uma exceção: Não dá pra ter diálogo com esses caras. Deviam ser proibidos de frequentar os estádios (nada de cadeia pra eles!) – mas depois de comprovação e identificação dos que provocaram tumultos/brigas, deveriam (durante o transcorrer do campeonato) se apresentar em hospitais/abrigos e prestar serviços comunitários durante a realização de cada partida. Tinham que ser extintas como tal “organização” – tentou-se isso em São Paulo através de um conhecido Promotor de Justiça, mas a coisa era mais a nível de “palanque” (tanto que o sujeito se elegeu deputado federal). Quem se “organiza” para brigar, na realidade está mais para “formação de quadrilha” – os sociólogos de plantão que me perdoem... Estou falando com uma visão bem tosca da realidade – a mim, como torcedor, não interessa se há uma disputa de “gangs” de periferia por controle de poder e isso é levado aos estádios; a mim, interessa só ver o jogo... ter a certeza de que se eu for ao estádio, eu vou conseguir voltar pra casa (inteiro). Faz uns 15 anos que não assisto a um “Clássico-Rei”, todo fim de jogo acaba virando uma batalha campal. Eu sou de um tempo em que um torcedor alvinegro passava pelo meio da torcida tricolor (e vice-cersa)... o máximo que se ouvia era uma brincadeira (“cês vão perder hoje!!!...”), mas, nada de violência. Hoje, uma cena dessas é impossível de se ver. Os “torcedores” (sic!) vão pro estádio cantar “vai levar porrada!... vai morrer!...” – isso não é coisa de quem está torcendo por um time. E a polícia (totalmente despreparada para esses casos), em vez de incentivar a “não violência”, ainda piora... Vi uma matéria de jornal, com a fotos de 2 torcedores (um com a camisa alvinegra e o outro com a camisa tricolor), que combinaram de assistir o jogo juntos nas cadeiras inferiores (onde não tem “organizada”), como forma de mostrarem que por torcerem por times rivais eles não precisam ser inimigos entre si: Pasme!... um policial foi lá e mandou que os mesmos “se separassem” porque ele “não queria confusão pra cima dele...” – dá pra acreditar nisso?... Os caras dando um exemplo de pacífica convivência (e isto deveria ser incentivado mais vezes!) e a “polícia” indo na direção contrária... Torço pra ver o dia em que não mais haverá torcida organizada nos estádios.

 

Talabarte - A crônica esportiva em nosso estado é mais torcedora do que crônica. Isso é bom ou ruim?

Lúcio FlávioIsso é pra lá de ruim, é péssimo! E é a mais pura verdade, a gente sabe até quem-é-quem (que torce pelo “Vovô” ou pelo “Leão”). Ainda tem uns que dizem abertamente que “torcem pelo I Love you, Ferrão” – me engana que eu gosto!... Se o cronista torce por algum time, como ele pode ser imparcial?... Teve um “comentarista”, que durante certo tempo se passou por “analista de futebol” em um programa local – fazia a pinta de bom-moço, ponderado, tentava ser imparcial, mas era difícil de se acreditar porque se sabia que ele era conselheiro de um dos times de nossa capital... Em “off”, posteriormente, um repórter setorista me disse que a pessoa “pagava” para participar do programa, para ser “comentarista”. É preciso separar as coisas: uma é ser cronista; outra, é ser torcedor.

 

Talabarte - Eleito presidente da CBF, qual seria sua primeira ação?

Lúcio FlávioAcabar com esse horário de jogo às 21:50h que isso é sacanagem com o torcedor!... Quando terminar a partida, o cara vai pegar ainda 2 ônibus pra chegar em casa talvez pelas 2 da madrugada... isso, se chegar vivo ou se não for assaltado. Mas, nem eu vou ser eleito presidente da CBF nem ninguém vai contrariar a Rede Globo de televisão que não aceita mudar o horário de sua novela - o torcedor que se lixe!... (talvez ela raciocine assim: Não se precisa de torcedor para o negócio do futebol”, os clubes não se sustentam mais só com as rendas, mas sim com os patrocínios das empresas... então, a presença do torcedor hoje é desnecessária!). Agora, que o Ministério Público fica totalmente omisso diante de uma questão dessas (afinal, é a segurança das pessoas que está em jogo!), como ele faz diante das confusões causadas pelas torcidas “organizadas” – isso é um fato, e, lastimável!... Como diz um desses “cronistas” de plantão: “Acorda, Ministério Público!”. Não faça de conta que isso não tem nada a ver com vocês. Tome uma atitude, faça alguma coisa de concreto.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Pela esquerda



"A esquerda precisa de uma melhor definição geral, e como se não bastasse, também de um programa a curto prazo. Hoje, ela não tem nem uma coisa nem outra. Tudo o que se pode dizer é mais ou menos o seguinte: para os países capitalistas-democráticos mais desenvolvidos, o ponto de partida deve ser duplo. Há, de um lado, os partidos social-democratas, incluindo de algum modo os partidos comunistas ou ex-comunistas que aderiram mais ou menos à socialdemocracia, e de outro os movimentos sociais, ou certos movimentos sociais. 
O problema dos primeiros é a tendência de se perder no discurso liberal dominante. O perigo dos últimos é uma deriva populista senão totalitária. Mas, de certo modo, os dois se completam, podem se corrigir mutuamente; isto se o resultado não for uma multiplicação das insuficiências..."
Ruy Fausto, em A Esquerda Difícil (Editora Perspectiva) 

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Samba da vela

Desde 2000, a cada segunda-feira, religiosamente, cerca de 250 pessoas se reúnem na Casa de Cultura, no bairro de Santo Amaro, para prestigiar a produção dos novos sambistas paulistanos. No ritual, uma vela é acesa dando início à música, que só termina quando a chama se apaga. Daí o nome da roda: samba da vela, uma fascinante mistura de grupo, espaço e agenda cultural, cuja prioridade do repertório são as novas composições, apresentadas diretamente ao público. O criador da roda é o cearense Chapinha. Natural de Uruburetama e residente há trinta anos em São Paulo, ele é citado no livro Heranças do Samba, de Aldir Blanc, Hugo Suckman e Luiz Fernando Viana, por seus serviços a favor do samba. O samba da vela já deu origem a um disco muito bonito, lançado há cerca de quatro anos, que apresentou ao País algumas das canções que povoam as tradicionais noites de segunda-feira em Santo Amaro. E provou aos céticos mais apressados que a boa música brasileira continua pulsando, para além dos boçais circuitos de divulgação da grande mídia.
Quem quiser saber mais sobre Chapinha e sobre o samba da vela pode acessar o site www.sambadavela.com.br.  
Abaixo, a turma do samba da vela em ação.