Não sou como o novo personagem de Luis Fernando Verissimo, que como ele adiantou em entrevista ao “Prosa & Verso”, nasceu cantarolando “Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer”. Mas descobri no blog de Pierre Assouline que preciso buscar filiação urgente aos Bibliólicos Anônimos. Todo mundo que tem vícios (aliás, alguém não os têm?) sabe muito bem de suas virtudes. Pois os bibliólicos mal tinham consciência de sua dependência quando viram a patologia retratada pela associação de editores e livreiros americanos - que, obviamente, vai pegar pesado para estimular os bookadicts.
O B.A. seria, portanto, um grupo que estimula o vício. Você chega, começa a dar seu depoimento e, pela manifestação dos demais presentes, começa a se sentir em casa, confortado. A partir dali, em reuniões semanais feitas num sebo, você pode aprender novos rituais no consumo de livros, trocar impressões, aprender estratégias de consumo. Para facilitar a vida, seguem alguns sintomas clássicos do bibliocolismo:
O B.A. seria, portanto, um grupo que estimula o vício. Você chega, começa a dar seu depoimento e, pela manifestação dos demais presentes, começa a se sentir em casa, confortado. A partir dali, em reuniões semanais feitas num sebo, você pode aprender novos rituais no consumo de livros, trocar impressões, aprender estratégias de consumo. Para facilitar a vida, seguem alguns sintomas clássicos do bibliocolismo:
1. O bibliólico, como depõe Assouline. jamais sai de casa sem ter alguma coisa para ler. Serve revista, jornal ou bula de remédio, mas o bom mesmo é um livrinho – que ajuda a passar o tempo em metrô, consultório ou fila, além, é claro, de ser ótima proteção contra chatos interativos.
2. O bibliólico não consegue passar por livraria ou sebo sem dar uma “olhadinha”. E, raramente, dá uma olhadinha sem dar uma compradinha.
3. O bibliólico sofre terríveis crises de privação. Muda caminho e chega atrasado em reunião para comprar aquele livro fundamental. Que às vezes será lido dali a dois anos. Ou continuará fechado por outros dois.
4. O bibliólico cheira. Muito. E, proustianamente, tem lembranças associadas aos aromas dos livros. O livro francês é o do bom: quando novinho, é praticamente uma viagem a Paris.
5. O bibliólico é um ótimo negociante. Não pode ver uma oferta. Eu mesmo já comprei três exemplares de um mesmo livro de Nabokov. Um de cada vez, pensando que não tinha comprado antes. Só pelo bom preço. Ah, sim: até hoje não o li.
6. O bibliólico tem compulsão por obras completas. Quando cisma com um autor, sai de baixo: vai comprando tudo o que pode, mesmo que dele só tenha lido um livrinho – do qual gostou muito.
7. O bibliólico causa sérios transtornos à família. Ninguém em casa aguenta mais as sacolinhas de plástico e as caixas de papelão das livrarias virtuais. Por isso, ele costuma se livrar das primeiras andando pela rua e mandar entregar as últimas no trabalho.
8. O bibliólico é, em geral, um sujeito pacato. Mas, cuidado, pode ser muito agressivo quando alguém chega em sua casa e, diante das pilhas e mais pilhas de livros, lança a pérfida dúvida: “você já leu isso tudo?” Ora bolas, isso é pergunta que se faça?
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