quarta-feira, 24 de junho de 2009

A hora do Brasil


A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou projeto que unifica todos os fusos horários do Brasil. As redes de televisão aplaudiram, afinal, poderão uniformizar suas grades de programação. A saúde pública, nem tanto. Unir os horários de locais como a Ponta do Seixas, no extremo oriental da Paraíba; e a cidade de Cruzeiro do Sul, no extremo ocidental do Acre, significa arredondar, de maneira grosseira, quatro fusos reais em relação a Greenwich. Entre outros absurdos, a nova lei vai colocar os acreanos para acordar bem mais cedo. Mas bem mais cedo mesmo. A ponto de poderem contemplar o nascer do sol às 8h01, horário em que se registraria o fenômeno na última sexta-feira caso a lei já estivesse valendo.

Em sua coluna no jornal Folha de São Paulo, o jornalista Marcelo Leite ressalta que a adaptação a esse tipo de "arredondamento" não se dá sem estresse. "Existem indicações de que essa manipulação artificial do ritmo circadiano do organismo humano - ciclo que dura um dia, como diz o nome, regulado pela luz - pode prejudicar a saúde. Em especial quando os relógios são adiantados, no início do horário de verão, e as pessoas perdem uma hora de sono", escreve. Leite cita um estudo sueco, realizado ao longo de vinte anos, que mostra que aumentam significativamente os casos de infarto nos primeiros dias do horário de verão.

Imagine, então, um horário de verão que altera não em uma mas em quatro horas o relógio biológico de toda uma população.

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