segunda-feira, 9 de março de 2009

O bloco pós-tropicalista de Sérgio Sampaio

Quando foi finalmente editado em CD, em 2001, o disco Eu quero é botar meu bloco na rua, lançado originalmente em 1973 marcando a estréia solo de Sérgio Sampaio - que já havia participado da genial presepada Sessão das Dez (1971), disco em parceria com Raul Seixas, Miriam Batucada e Edy Star -, causou um alvoroço entre novos e velhos admiradores do cantor e compositor capixaba. Mas também surpreendeu muita gente ao ser incluído no catálogo de uma coleção de samba soul da Universal. A música de Sérgio não era propriamente samba. Nem muito menos soul. Ou melhor, era isso também. Mas era muito mais. Difícil acomodar numa só etiqueta o turbilhão criativo pós-tropicalista de Sampaio, um dos personagens mais controversos da MPB - falecido em 1994, aos 47 anos, depois de mais de uma década de absoluto ostracismo decorrente do alcoolismo. 
Enquanto produziu, Sérgio foi um de nossos mais irônicos e inspirados compositores. E, ironicamente, nunca conseguiu digerir o fato de Roberto Carlos nunca ter gravado uma música sua. Nesse disco de estréia, Sérgio se espalha pela valsa ("Leros e boleros"), pelo fox-trote ("Não tenha medo, não"), pelo tango ("Labirintos negros"), pelo rock ("Filme de terror") e pela marcha-rancho ("Eu quero é botar meu bloco na rua"). Esse último foi seu grande sucesso, com o qual Sérgio fez meio país desbundar em plena ditadura. 

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