Chega de saudade! O barquinho mudou sua rota. Manteve a bússola da bossa nova de Jobim, mas, em vez do macio azul do mar, fez de sua carta náutica uma aquarela étnica e percorreu o mares bravios e intensos de suas raízes negras. Do samba ao west-coast, do candomblé ao hard-bop: axé Coltrane, axé Gerry Mulligan! Wes Montogomery pede a bênção a Pixinguinha e Silas de Oliveira. Água no pote de Oxalá e música na alma do mudo inteiro!
O registro é do encontro de dois titãs do instrumental brasileiro. Curioso imaginar Paulo Moura falar com reverência de Jobim não fosse ele próprio um semi-deus da música mundial. Assim como Armandinho e suas doces molecagens "jacobaianas". O neologismo se revela pelo avesso do avesso do avesso. Afrobossanova o nome do disco que saiu esses dias por aí. Samba e jazz para além do esquematismo voz e violão. O beco das garrafas virou Sapucaí, Olinda e Pelourinho. Ipanema é New Orleans. Rua e dança e suor e cores.
Paulo Moura cita Stravinsky, Severino Araújo e Nelson Alves e gargalha em agudíssimos para emoldurar a paixão por Luiza. A emoção ressoa no delay da baianinha de Armando e nos faz ver o Rio de Janeiro do alto de seu vôo de improvisos.
O disco é introvertido pra fora e extrovertido pra dentro.
Tudo samba!
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