domingo, 13 de junho de 2010

Godard: Caetano, um impasse


"A mágoa e as razões de Truffaut me pareceram justas. Godard aparece como um cara exaltado e por demais deslumbrado com a grandeza da própria atitude política", escreveu Caetano Veloso em seu artigo semanal no jornal O GLOBO, edição de hoje. O tema é o documentário Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague, que trata do rompimento entre os dois cineastas.
Lendo o artigo, me ocorreu que o próprio Caetano personifica esse seu diagnóstico sobre Godard.
Quem, na história da música brasileira, tornou-se mais deslumbrado com a grandeza de sua própria atitude estética do que o compositor baiano? Esse sentimento, essa consciência da grandeza de sua produção poético-musical, tem sido utilizado por Caetano como um salvo conduto para um certo fastio de seu olhar em relação à atual realidade brasileira. Há, sobretudo, uma preguiça auto-indulgente que faz o poeta tornar-se um cronista raso, um ser político enredado no esquematismo da grande mídia (vide sua notória intolerância ao governo Lula) e que, não raro, recorre aos argumentos exaltados, sanguíneos, sem o devido tecido dos fatos.
Menos mal que o compositor ainda é capaz de produzir grandes discos, como o recente Zii e Ziê, onde canta contra Guantanamo. O mundo, de fato, ficaria mais fácil para os medíocres sem a presença e as articulações do pensamento e da música de Caetano. O problema é que o mundo ficou fácil demais para o próprio Caetano...

2 comentários:

Dante Accioly disse...

Filipones!!!!! Gostei da cara nova!!!!!

Dante Accioly disse...

Filipones! Gostei da cara nova!