segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A democracia do açoite

"Diante da atual explosão do capitalismo na China, os analistas com frequência perguntam-se quando a democracia política, como acompanhamento político natural do capitalismo, se fortalecerá. Não obstante, uma análise mais detida rapidamente desfaz essa esperança - e se o prometido segundo estágio democrático que se segue ao autoritário vale de lágrimas nunca chegar? Talvez seja isso o que há de mais inquietante sobre a China de hoje: a suspeita de que seu capitalismo autoritário não é apenas uma sobra do nosso passado, a repetição do processo de acumulação capitalista que, na Europa, deu-se do século 16 ao 18, e sim um sinal do nosso futuro.
E se 'a perniciosa combinação do açoite asiático com a bolsa de valores europeia' (a velha caracterização de Trotski da Rússia tsarista) provar-se economicamente mais eficiente que o nosso capitalismo liberal? E se ela sinalizar que a democracia, como a entendemos, não é mais condição e mola propulsora do desenvolvimento econômico, mas seu obstáculo?"
Slavoj Zizek, em A Democracia Corrompida, ensaio publicado na edição de julho da revista Cult.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, se esse modelo se tornar mais eficaz... MEDO!