sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quem tem medo do fusion?

É um comentário apressado ou míope a avaliação de que, com a criação do fusion por Miles Davis, o jazz ficou no prejuízo. Ou ainda de que, com o passar da febre inicial naquele início de anos 70 - em que o pioneiro Bitches' Brew vendeu repentinamente mais de meio milhão de cópias (algo inimaginável para o mercado fonográfico) -, o próprio jazz foi tratando de dispensar esse subgênero. Na verdade, não só não dispensou como vem atualizando e descobrindo novas possibilidades para esse grande guarda chuva sonoro, sob o qual continuam a se abrigar - mesmo que pontualmente - medalhões (Chick Corea, John MacLaughlin, Pat Metheny, Wayner Shorter, etc)  e "novos" artistas (Joshua Redman, Nicholas Payton, etc). 
Também me parece impreciso que o fusion seja apenas um "fusão" entre o jazz e o rock. Prefiro entender esse rótulo como uma proposta musical em que tão ou mais importante que as linhas melódicas, são as camadas de som e improviso que vão se superpondo. Numa via de mão dupla, é inegável também o interesse de outros gêneros - em especial o funk e a música eletrônica - em relação ao fusion. Assim como o jazz, mais do que um gênero (ou subgênero como queiram) em particular, o fusion virou um procedimento.  
Abaixo, aquela que para mim é a melhor expressão do fusion (se me permitem a heresia, mais até do que os arroubos iniciais e "verborrágicos" de Miles): Weather Report (a banda clássica de Wayner Shorter e Jaco Pastorius que aparece na foto que abre esse post). 

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