quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Poemetes araújos XVII


Mataram o professor,
governa a dor.
Mas parece
não temos que: 
tempo para
seu drama.
E matarão outros:
professores, engenheiros, médicos e
garis, taxistas, motoristas e
homens de bem.
Desvastarão famílias
à luz das melhores fotografias
e álbuns de lembranças:
terceira margem
da vida.
Mataremos, nós,
uns aos outros.
O sangue será
servido em falsas
tigelas de prata
aos comensais do rei,
genros e amigos
e acólitos da farsa.
A impunidade dos salões
e colunas sociais é a mãe
de todas as impunidades
e todas as putas.
Triste Ceará esse
que troca de tiranos
ao subir e descer das marés.
E constroi aquarios
para celebrar seu
atraso, sua
indigência.
Querem sufocar o grito
da família, filhas e futuro.
Mas há cordas que não cessam de vibrar;
nelas residirá alguma melodia
e resistência.
Sei porque quero que
elas existam.
Ai de ti Benfica,
essa ilha urbana
de esperança
cercada de indiferença
por todos os lados.
Que não seja em vão.
Que não sejamos vãos.

Nenhum comentário: