sexta-feira, 20 de maio de 2011
Reencontro com os clássicos
Para mirar o futuro, artistas consagrados estão olhando para o passado. A tendência já se consolidou na Europa e nos Estados Unidos e vem ganhando força no Brasil: medalhões revisitam suas discografias e montam shows apresentando a íntegra de LPs clássicos. Lou Reed, Rush, Megadeth, Stooges e Roger Waters são alguns nomes que já montaram turnês promovendo esse reencontro entre criador e criatura. O grupo norte-americano Melvins chega a tocar não um, mas até cinco LPs na íntegra em um único show. No Brasil, o formato já fez a cabeça de gente como Jorge Benjor, Egberto Gismonti, Edu Lobo, Luiz Melodia, Alceu Valença, entre outros.
“Estou ensaiando música por música do LP para a gente fazer um show e atender aos pedidos, que são muitos”, anunciou Jorge Benjor em fevereiro durante uma apresentação no Morro da Urca, no Rio de Janeiro. O disco em questão é Tábua de Esmeralda, clássico absoluto de sua discografia gravado em 1974. E os pedidos a que o músico se refere são as inúmeras mensagens e comunidades espalhadas nas redes sociais que pediam essa reedição ao vivo do LP. No facebook, o perfil “Queremos a tábua de esmeralda ao vivo” é um dos mais visitados e disponibilizou vídeos com jovens artistas da MPB falando de sua admiração pelo álbum.
Em abril, foi a vez de Edu Lobo apresentar a íntegra do repertório do disco O grande circo místico (1983) – inspirado no poema de Jorge de Lima e considerado por Aldir Blanc como o LP mais bonito do século - no Instituto Moreira Salles. O show faz parte da série criada pelo instituto para homenagear grandes discos da música brasileira. Wilsn Moreira e Nei Lopes, revivendo o antológico A Arte Negra de... (1980); e Monarco, que revisitou seu primeiro disco solo, lançado em 1976, foram outros que participaram do projeto do IMS.
Outra instituição que montou um projeto do gênero foi o SESC Belenzinho, em São Paulo. Mensalmente, um grande nome da música brasileira leva ao palco um LP clássico. O primeiro foi Alceu Valença, que em março último subiu ao palco para revisitar o seu Vivo! (1976), marco em sua carreira. O show contou com a participação de Lula Cortes e Zé da Flauta, que participaram da gravação do LP. “Um disco meio psicodélico, que foi pioneiro na mistura entre o rock e os ritmos regionais”, comenta Sérgio Saraiva, um dos coordenadores do projeto, que tem ingressos esgotados a cada edição.
Em abril, também no projeto do SESC, Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos, tocaram o monumental Dança das Cabeças (1977) – disco de sonoridade tão rica que ganhou prêmio de melhor LP experimental na Alemanha e de melhor LP pop na Inglaterra -; e em maio, Edvaldo Santana reapresentou seu Lobo Solitário (1993). Em junho, será a vez dos Paralamas, que revisitam o ótimo Selvagem (1986).
*Texto publicado na seção Tendências do jornal O POVO (Fortaleza-Ce)
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Um comentário:
Felipe
muito boa a matéria mas um reparo: parece que o lobo solitário já saiu em CD e 1993.
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