Nirlando Beirão, que assina a ótima coluna "Estilo" na Carta Capital, fez a melhor leitura do caso até aqui. Diz Beirão: "O clamor que a mídia de mão única suscitou a propósito de duas perguntas pessoais feitas pela campanha de Marta Suplicy acerca do evasivo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, foi tamanho, tão propositadamente escamoteador (afinal, as duas perguntas não foram responsdidas), que deixou no ar uma interessante discussão. Como administrar judiciosamente a informação que os eleitores merecem e o direito ao resguardo íntimo de um homem público?"
E continua: "O Globo, o Estadão, a Folha, a mídia grandona já tem isso muito bem resolvido: devassa total na vida do adversário, transparência zero (e estupor injuriado) quando se trata de seu protegidinho. (...) O que faz um eventual prefeito debaixo dos lençóis não é da conta de seus constituintes, mas também estranha que se queira fazer tabu de tão blindada intimidade. Freud explica. É a sexualidade que incomoda os moralistas da política. O resto pode".
Daí que eu me lembrei do alvoroço midiático em torno do caso Lurian, estopim da derrota de Lula nas eleições de 1989; e do silêncio marmóreo em torno da filha de FHC com a jornalista da Globo, caso milimetricamente abafado pelos jornalões nas eleições de 1998.
Marta perdeu. E por motivos que estão para além da tomatada pontual de sua campanha. Tanto que terminou a campanha com os mesmos 40% que lhe apontavam as primeiras pesquisas. Mas é sempre bom ter cuidado quando se nada a favor da corrente da mídia; sob pena de se assistir pela televisão e pelos jornais às mais cretinas aulas de moral e cívica.
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