quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Moyseis Marques


Samba do bom, sem frescura. Uma divisão inacreditável. O nome do homem é Moyseis Marques. O Moyseis se escreve assim mesmo: batismo do cantor, do compositor e do disco de estréia. Pra falar dele é simples: canta muito! Mais um da nova geração da Lapa: Pedro Miranda, Gallotti, Tira Poeira, Anjos da Lua, Casuarina, essa rapazeada boa que vai levando o samba adiante com muito talento, garra e respeito.
Meu amigo Thales Catunda me ligou outro dia de Brasília me perguntando o nome de um samba que ele estava ouvindo por lá, "é um que fala nos nomes das favelas". Pois o nome é esse mesmo: "Nome de favelas", samba do Paulo César Pinheiro que abre o disco. O Elton Medeiros dá uma canja no disco, em "Quatorze anos", do Paulinho. Dois "Gordurinhas" pra cá, dois "Wilson Moreiras" pra lá e o homem registrou a impagável "Meu enxoval" (numa "suíte" que tem também "Falsa Patroa") e "O vendedor de caranguejo", do primeiro; e "Mocotó do Tião" e "Fidelidade Partidária", do segundo. Essas últimas, aliás, dois carimbos da parceria com Nei Lopes.
Jackson do Pandeiro ia ficar morrendo de orgulho de ver um cabra ter tanto suingue na voz: "Estou dormindo ao relento, valei-me nossa Senhora!/ O meu travesseiro é o Diário da Noite/ E o resto do corpo fica na última hora".
Tem também "Roda" do Gilberto Gil, onde Moyseis dá outro show de divisão. Tem uma coisa linda chamada "Minha Verdade", do Délcio Carvalho e da Dona Ivone Lara: "Eu tenho a minha verdade/ Fruto de tanta maldade que já conheci/ Me deixa caminhar a minha vida livremente/ O que desejo é pouco/ Pois não duro eternamente". O samba de breque se faz presente com "Baile na Piedade", do Jorge Veiga. E tem ainda uma do Luiz Carlos da Vila e do Sereno, "Profissão".
O resto do disco é da lira do cara: "Samba, ciência da graca", "Palpite de gafieira", "Receita de Maria", "Prece à inspiração" e "Branda Liberdade". Quando a coisa tá no sangue, é foda: até o fim da adolescência, o Moyseis mal sabia quem era Paulinho da Viola, Candeia, Gil, Elton Medeiros, Paulo César Pinheiro e outros lordes do gênero.
Discão!

Abaixo, o homem em ação...

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