sexta-feira, 5 de julho de 2013

O "violêro" de volta a Fortaleza

Elomar: bachianas sertanejas
“Apois pro cantadô i violero/ só hai treis coisa nesse mundo vão/ amô, furria, viola, nunca dinhêro/ viola, furria, amô, dinhêro não”.
O refrão costura as longas estrofes de “O Violêro”, que abre o primeiro LP de Elomar, Das barranca do Rio Gavião, lançado há quarenta anos e já editado em CD. O disco sucedeu o compacto de 1968 e jogou o trovador baiano em definitivo no mundo da MPB. Na bagagem, Elomar trouxe seu violão rebuscado, embalando um cancioneiro que recendia a idade média e aos improvisos dos cantadores nordestinos. No repertório, já antecipava alguns de seus clássicos, como “O pidido”, “Zefinha”, “Cantiga de Amigo” e “Incelença prum amor ritirante”, uma das mais belas músicas da história da MPB. “Quem sabe não vai ser lá, no barato das galáxias e da música de Elomar, que eu vou acabar amarrando um bode definitivo e ficar curtindo uma de pastor de estrelas...”, escrevia um Vinícius de Moraes encantado com a figura caatingueira de Elomar no texto que acompanhava o encarte do disco. Elomar - cuja missão, segundo ele próprio, é “chiqueirar e pastorar, tangerino de ovelhas e bodes” - formou-se arquiteto, é fazendeiro no interior da Bahia e fez 75 anos em 2012. Quem nunca ouviu falar do homem pode, a partir desse disco - e desses shows este fim de semana em Fortaleza -, começar a se apaixonar por seu blues nordestino e suas bachianas sertanejas.


* Por ocasião dos shows de Elomar em Fortaleza, reescrevi, para o jornal O POVO, um texto já publicado aqui nesta porteira eletrônica.

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