terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Novo integrante da bateria da Portela
Um intensivão de samba! Pode não parecer, mas eu estou nesse ensaio aí: o ensaio técnico da Portela no último sábado, na Sapucaí. Vai ser difícil me achar, mas aos exatos 59 segundos de vídeo, eu sou o cara de boné branco que passa embaixo da faixa laranja que aparece na parede, na parte superior da imagem. Estou bem lá no fundo. Não sei se deu para entender ou visualizar, mas lá estou eu, de repique em punho. Completamente inebriado, diga-se de passagem. Tocar numa bateria é uma experiência arrebatadora e é uma pena que o universo das escolas de samba seja tão caricaturizado pela cobertura da grande imprensa. Uma das grandes belezas da cultura se esconde no intervalo que vai do apito do mestre de bateria à resposta do surdo.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
O navio de Fellini
Barroco, operístico, nostálgico. Cinema dentro do cinema. O espetáculo como política, a estética como ideologia. La Nave Va: como todo Fellini, musical e caricatural. Leve, irônico e melancólico, sem a verborragia dos filmes menores do cineasta (Cidade das Mulheres, por exemplo). Um de meus finais preferidos, com a câmera desvendando o delicioso jogo de espelhos a que, a rigor, se resume todo o ato de criação cinematográfica. Deliberadamente artificial para fazer-se profundo. Um dos grandes momentos da arte no século XX.
Benson sem frescuras
Há cerca de 40 anos, George Benson estava longe de ser a estrela de ponta numa cena de R&B um tanto asséptica e inodora - que foi o que se tornou a quase totalidade da produção norte-americana do gênero nas duas últimas décadas. Também estava a décadas da auto-indulgência - que é como me soam hoje quase todos os titãs do jazz com mais de trinta anos de contribuição previdenciária. No entanto, já era "the most exciting new guitarrist on the jazz scene". Pelo menos era assim que lhe classificava a capa de um de seus primeiros discos individuais, lançado em 1965 e relançado há pouco pela Coumbia dentro da coleção Original Album Classics - uma série muito bacana de caixinhas, com cinco discos cada, reunindo trabalhos seminais da carreira de alguns dos maiores nomes do jazz.
Em que pesem imperdoáveis erros de prensagem, que trocou os conteúdos dos CDs, a série é valorosa por resgatar discos que estavam fora de catálogo e oferecê-los a um preço mais acessível. Como cada caixa custa mais ou menos R$ 100,00, cada disco sai por R$ 20,00, o que, se tratando dos clássicos do jazz, é preço de cheiro verde. No caso de Benson, a caixa traz, além de It's Uptown, o tal disco que falava do guitarrista "excitante", George Benson Cookbook, Beyond the blue horizon (com a antológica versão para "So what"), Body Talk e Bad Benson (o melhor de todos, em que Benson grava versões memoráveis para "Take Five" e "Take the 'A' Train").
Abaixo, dois momentos de Benson pinçados a partir de faixas contempladas na coleção: "Take Five" e "So What".
Motivo do dia
"A maioria dos escritores não assinou finais felizes por um motivo simples: eles estavam (e estão) reagindo justamente à tendência convencional de se iludir facilmente, de acreditar em qualquer crença ou doutrina que resolva sistematicamente os problemas do mundo".
Daniel Piza, em sua coluna Sinopse, no Estado de S. Paulo
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