Essa noção foi - e continua sendo - muito útil para minha trajetória como ouvinte de jazz. Mais do que uma música afetada, chata, escrita para eleitos, o jazz sempre um terreno da felicidade, aquela felicidade da plena realização de que nos fala Bosco. Ao contrário do chorinho e do samba - que me parecem felizes porque lidam de maneira exuberante com um lastro primordial de tristeza que perpassa as partituras e as letras de um e de outro -, o jazz me parece essencialmente alegre, posto que livre. E que alegria maior poderia para um músico do que embalar sua rigorosa (sim, o jazz é rigoroso!) formação técnica com o ar da liberdade, da criatividade permanente.
É fato que, quando o assunto é jazz, há interlocutores insuportáveis, que lidam com a música como uma propriedade intelectual intransferível e costumam vomitar fastio e empáfia sobre a história do gênero. O que esses "jazzeiros" - parentes próximos dos "sambeiros" - não sabem é que o ouvinte de jazz pode ser o mais "desinformado" dos mortais; basta se deixar levar pela intensa alegria que move cordas, sopros e baquetas do gênero - que justamente por isso, é um dos mais democráticos.
O problema é que nosso ouvido já se encheu de tanta música ruim e, pior, autoritária, que, ao se defrontar com a liberdade do jazz - ou com a exuberância do chorinho, da chamada "música erudita" ou de qualquer outra expressão instrumental -, fica meio intimidado.
Abaixo, um vídeo que me parece bem sintomático do que proponho aqui. Trata-se do quinteto de Benny Goodman. O mitológico Lionel Hampton participa do vídeo tocando vibrafone. Atentem também para a performance do baterista (alguém me ajuda com o nome dele? Seria o também mitológico Gene Krupa?). Poucas coisas poderiam soar mais livres e, por isso mesmo, felizes.
2 comentários:
é opróbrio!
oreré
Valeu Andrezão!
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