"Apois pro cantadô i violero/ só hai treis coisa nesse mundo vão/ amô, furria, viola, nunca dinhêro/ viola, furria, amô, dinhêro não". O refrão costura as longas estrofes de "O Violêro", que abre o primeiro LP de Elomar, Das barranca do Rio Gavião, lançado há trinta e nove anos e já editado em CD. O disco sucedeu o compacto de 1968, até hoje disputado na base da faca por colecionados em sebos, e jogou o arquiteto e trovador baiano em definitivo no mundo da MPB. Na bagagem, Elomar trouxe seu violão rebuscado, que embalava um cancioneiro que recendia a idade média e aos improvisos dos cantadores nordestinos. No repertório, já antecipava alguns de seus clássicos, como "O pidido", "Zefinha", "Cantiga de Amigo" e "Incelença prum amor ritirante", uma das mais belas músicas da história da MPB. "Quem sabe não vai ser lá, no barato das galáxias e da música de Elomar, que eu vou acabar amarrando um bode definitivo e ficar curtindo uma de pastor de estrelas...", escrevia um Vinícius de Moraes absolutamente encantado com a figura caatingueira de Elomar no texto que acompanhava o encarte do disco. Elomar - cuja missão, segundo ele próprio, é "chiqueirar e pastorar, tangerino de ovelhas e bodes" - formou-se arquiteto, é fazendeiro no interior da Bahia e fez 70 anos em 2007. Quem nunca ouviu falar do homem pode, a partir desse disco, começar a se apaixonar por seu blues nordestino e suas bachianas sertanejas. Na Internet, também vale a pena conhecer sua "porteira oficial" (www.elomar.com.br).
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Amô, furria, viola, nunca dinheiro
"Apois pro cantadô i violero/ só hai treis coisa nesse mundo vão/ amô, furria, viola, nunca dinhêro/ viola, furria, amô, dinhêro não". O refrão costura as longas estrofes de "O Violêro", que abre o primeiro LP de Elomar, Das barranca do Rio Gavião, lançado há trinta e nove anos e já editado em CD. O disco sucedeu o compacto de 1968, até hoje disputado na base da faca por colecionados em sebos, e jogou o arquiteto e trovador baiano em definitivo no mundo da MPB. Na bagagem, Elomar trouxe seu violão rebuscado, que embalava um cancioneiro que recendia a idade média e aos improvisos dos cantadores nordestinos. No repertório, já antecipava alguns de seus clássicos, como "O pidido", "Zefinha", "Cantiga de Amigo" e "Incelença prum amor ritirante", uma das mais belas músicas da história da MPB. "Quem sabe não vai ser lá, no barato das galáxias e da música de Elomar, que eu vou acabar amarrando um bode definitivo e ficar curtindo uma de pastor de estrelas...", escrevia um Vinícius de Moraes absolutamente encantado com a figura caatingueira de Elomar no texto que acompanhava o encarte do disco. Elomar - cuja missão, segundo ele próprio, é "chiqueirar e pastorar, tangerino de ovelhas e bodes" - formou-se arquiteto, é fazendeiro no interior da Bahia e fez 70 anos em 2007. Quem nunca ouviu falar do homem pode, a partir desse disco, começar a se apaixonar por seu blues nordestino e suas bachianas sertanejas. Na Internet, também vale a pena conhecer sua "porteira oficial" (www.elomar.com.br).
Rogério Caetano: lírico e virtuoso
Ao lado de Marcello Gonçalves (do Trio Madeira Brasil e do grupo Rabo de Lagartixa) e do gaúcho Yamandu Costa, Rogério Caetano integra a santíssima trindade do novo violão 7 cordas brasileiro. Se o profundo domínio da técnica do instrumento é atributo comum aos três músicos, cada qual aponta o braço de seu violão em direções diferentes. Marcello é o arquiteto, o criador de ricos arranjos e texturas que lhe colocam como um dos músicos mais requisitados do País. Yamandu é intérprete desabusado, dionisíaco, que leva sua técnica ao paroxismo da virtuose. Já Rogério é violonista do lirismo, da poesia revelada entre arpejos e contrapontos; um músico que cerca cada interpretação com uma abordagem intensa e exuberante, mas sem jamais romper o limite da sobriedade. É preciso estar atento e forte para saber de sua música e seus fraseados.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Pochmann e o mito da improdutividade do Estado
O texto abaixo é do economista Márcio Pochmann (foto acima) e foi publicado na revista Fórum - outro mundo em debate. A versão digital da publicação pode ser acessada aqui.
A crise mundial impõe forte derrota à ideologia neoliberal, que reinou solitária durante a dominação do pensamento único. Da mesma forma, os mitos construídos pela ideologia neoliberal vão caindo sistematicamente quando submetidos à luz da realidade.
Por algum tempo perdurou não somente no Brasil, pois esteve repetida globalmente, a máxima de que o Estado era o lócus da improdutividade e ineficiência, enquanto somente ao setor privado cabia a maximização da eficiência. Sem apresentar estudos com informações consistentes, a ideologia levou ao máximo o programa de privatização e desmonte do Estado.
O recente comunicado da presidência do IPEA (n. 27) comprova que não há base real para qualquer afirmativa definitiva a respeito da improdutividade do Estado brasileiro. Pelo contrário pois, segundo o próprio comunicado, a medida de produtividade na administração pública em 2006 foi 14,7% superior à verificada em 1995.
No setor privado, os ganhos de produtividade foram 13,5% maiores no ano de 2006 quando comparados com 1995. Ou seja, a produtividade na administração pública cresceu um ponto percentual a mais que a do setor privado no período considerado.
Em síntese, verifica-se que a produtividade na administração pública apresentou-se mais do que compatível com o aumento das contratações dos ocupados pelo Estado. Após a queda da produtividade na administração pública em relação à do setor privado entre 2003 e 2004, ela se recuperou a partir de 2005.
Não bastasse o ritmo da expansão da produtividade na administração pública ter sido superior ao do setor privado entre 1995 e 2006, constatou-se também que a produtividade média do funcionário público encontra-se acima da média do trabalhador ocupado no setor privado.
No período de tempo considerado, a produtividade na administração pública manteve-se superior à do setor privado, em média, acima de 35%. Em 2006, por exemplo, a produtividade foi, em média, 46,5% maior que a do setor privado, enquanto em 1995 era 45,1% superior.
Nessa medida utilizada, de produtividade na administração pública, tomou-se como critério a relação entre o valor agregado (contas nacionais do IBGE) e o emprego público (PNAD do IBGE). Ainda que se saiba da complexidade de medir eficiência e desempenho no setor de serviços, onde se encontra inserida a administração pública, considera-se a produtividade como uma medida confiável e consistente dentro da perspectiva do conceito de valor agregado definido pelo IBGE, que aplica a metodologia das Nações Unidas.
Nesse comunicado da presidência do IPEA pode-se observar também que além de a produtividade da administração pública ser superior e ter crescido acima da do setor privado, houve diferenciações importantes em termos de estados da federação e regiões geográficas. Inicialmente pelo fato de a produtividade na administração pública ter crescido somente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste entre 1995 e 2004. As demais regiões (Sul, Sudeste e Norte) registraram queda na evolução da produtividade na administração pública para o mesmo período de tempo.
Nesse mesmo sentido, nota-se a desigual evolução de desempenho no setor público por estados da federação. Roraima e Distrito Federal registraram os maiores ganhos de produtividade na administração pública. Na outra ponta da evolução da produtividade encontram-se os estados do Pará e Santa Catarina, com resultados negativos entre 1995 e 2004. Dentro desse leque de comportamentos tão distintos, observa-se que os estados da federação que levantaram a bandeira de choque de gestão administrativa, entendida como a introdução e difusão da lógica privada no setor público, registraram baixo dinamismo na produtividade.
A administração pública tem dinâmica específica, não combinando, necessariamente, com a lógica privada. Assim, percebe-se que a produtividade pública pode elevar-se com gestão própria e compatível com os princípios de funcionamento do Estado. Esse parece ser o caso da experiência recente da política governamental de recuperação do papel do Estado no Brasil. Isso vem ocorrendo por meio da difusão das novas tecnologias de informação que permitem certificações e licitações digitais, entre outras medidas. Tudo isso reduz o tempo dos serviços por unidade de tempo, aumentando o desempenho da administração pública.
Também a política de ampliação dos espaços de maior participação social, especialmente nos fundos e políticas públicas (saúde, educação, trabalho, assistência e previdência social, tecnologia, entre outros), como pelos conselhos e conferência nacionais, apoiam a avaliação e direcionamento do serviço público no país. Por fim, a capacitação e gestão de pessoal, bem com o aumento do emprego por conta dos concursos públicos, vêm contribuindo cada vez mais para a profissionalização da administração. Ou seja, os ganhos de produtividade na administração pública são produto do abandono da ideologia neoliberal.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Coltrane-se (II)
"Se você deseja uma reprodução fotográfica, não compre um Picasso. Se você deseja uma música popular, não ouça Coltrane". Ralph Gleason, 1960.
Aparecida: força rara do samba
Quando Clementina de Jesus apareceu no cenário da música brasileira, em meados dos anos 60, ampliou o nosso horizonte vocal, trazendo timbres, ressonâncias e referências africanas que o mercado fonográfico ainda não havia incorporado ou assimilado. Não havia, até então, nada que pudesse ser comparado ao canto roufenho e encantado da Rainha Quelé. A partir de Clementina, o Brasil pisou por inteiro e sem pudores no chão multi-enraizado dos terreiros de candomblé e umbanda e se reconheceu em seu espelho mais profundo. Durante as décadas seguintes, foi possível rastrear as luzes e os perfumes da rainha negra do canto brasileiro em artistas dos mais diferentes matizes: em Clara Nunes e nos Tincoãs nos anos 70; nos cantos afro dos blocos de Salvador como Olodum, Ara Ketu e Ilê Ayê nos anos 80 e 90; na modernidade de Fabiana Cozza e Luiza Dionísio nos anos 2000.
No meio desse percurso, no entanto, há uma figura de que pouco se fala mas que, de todos os epígonos de Clementina, foi a que mergulhou mais fundo no leito africano de nossa música. Trata-se de Maria Aparecida Martins (1939-1985), ou apenas Aparecida, cantora e compositora mineira que, logo criança, radicou-se no Rio de Janeiro. Trabalhando como passadeira em casas do bairro de Vila Isabel, Aparecida começou a compor na década de 50, atividade que lhe levou a trabalhar em rádios e, mais tarde, lhe abriu as portas no cinema. No início da década de 1960, participou do filme "Benito Sereno e o Navio Negreiro". Em 1965, depois de uma temporada na França, voltou ao Brasil e venceu o "Concurso de Música de Carnaval do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro". Também venceu o "III Festival de Música de Favela", com o samba "Zumbi, Zumbi", representando a favela da Cafúa, de Coelho Neto. Em 1968, compôs "A sonata das matas" para a Escola de Samba Caprichosos de Pilares, entrando para a galeria de honra da história do carnaval carioca - depois de Dona Ivone Lara, foi a segunda mulher a compor um samba-enredo vencedor dentro de uma escola de samba.
Em 1974, Aparecida participou do LP "Roda de samba", lançado pela gravadora CID, que reunia Darci da Mangueira, Sidney da Conceição, Sabrina e Chico Bondade, entre outros. No disco, gravou pela primeira vez uma composição de sua autoria, "Boa-noite". Bem sucedido, o LP ganhou um volume 2, em que Aparecida novamente constou entre os cantores convidados. Dessa vez, gravou "Proteção" (David Lima e Pinga) e "Rosas para Iansã", de autoria de Josefina de Lima. No disco também participaram Nelson Cavaquinho, Sabrina, Roque do Plá, Rubens da Mangueira e Dida.
O prestígio com a série "Roda de Samba" permitiu que ela chegasse ao primeiro disco solo. Em 1975, também pela Cid, gravou Aparecida (foto ao lado), LP em que interpretou várias músicas suas, como "Talundê" (c/ Jair Paulo), "Tereza Aragão", "Meu São Benedito", "Inferno verde", "Nanã Boroquê", "Segredos do mar", as duas últimas em parceria com Jair Paulo, e ainda uma adaptação do folclore "A Maria começa a beber".
No ano seguinte, veio o segundo disco: Foram 17 anos (foto principal). Com arranjos de Durval Ferreira e arranjos de José Menezes (que também assinaram o primeiro LP), o disco mais uma vez trouxe Aparecida interpretando várias composições de sua autoria, entre elas "17 anos", "Grongoiô, propoiô" (c/ João R. Xavier e Mariozinho de Acari) e "Diongo, mundiongo". Na cozinha dos dois discos, um time de primeira, formado, entre outros, por Sivuca, grupo Nosso Samba e As Gatas. Em 1978, Aparecida transferiu-se para a RCA, onde gravou mais três discos: Cantigas de fé (1978), 13 de maio (1979) e Os deuses afro (1980).
A geração do CD só teve a oportunidade de conhecer a música de Aparecida através da coletânea Aparecida, Samba, Afro, Axé, lançada pela Cid em 1996. Para saber de seus discos, hoje, infelizmente, somente através de blogs e sites especializados. Uma pena. Escutar seus LPs é se reencontrar com uma latitude preciosa da música brasileira - que começa com Clementina, mas que, em Aparecida, ganha uma força rara, preparando terreno para divas negras como Cozza e Dionísio.
Esquentando os tamborins
Abaixo, a matéria exibida hoje na TV Jangadeiro sobre os preparativos das baterias de Fortaleza para o pré-carnaval de 2011.
Já é um começo de golpe
O texto abaixo é de autoria do escritor e jornalista Rui Martins e foi publicado na edição deste mês da revista Caros Amigos.
Se você faz parte dos 87% que apoiavam o governo Lula, fique alerta – no mais escondido covil de serpentes e escorpiões trama-se um golpe institucional contra o governo de Dilma, mesmo se esse governo começou com 62% de aprovação popular.
Desta vez, ao contrário do golpe de 1964 não se trama nos quartéis com o apoio declarado dos Estados Unidos. A trama é bem mais sutil – não se acena com a paranóia do perigo vermelho, mas com base em pretensos arrazoados jurídicos se quer desmoralizar e desautorizar o ex-presidente Lula e se colocar no ridículo a presidenta Dilma, que será destituída do poder de decisão.
O golpe não parece financiado só por dólares americanos, como no passado, mas igualmente por euros vindos da Itália. Aparentemente trata-se da extradição ou não extradição de um antigo militante italiano, Cesare Battisti, condenado num processo italiano fajuto à prisão perpétua, mas a verdade submersa do iceberg é bem outra.
Quem leu as revelações do Wikileaks quanto as opiniões dos EUA sobre Lula, considerado suspeito, e Celso Amorim, considerado antiamericano, e que acompanhou a campanha contra a eleição de Dilma, sabe muito bem haver interesses de grupos internacionais em provocar uma crise institucional no Brasil.
Será também a maneira de grupos econômicos estrangeiros impedirem a atual emergência do país como potência mundial. A Itália neofascista de Berlusconi com seu desejo de recuperar um antigo militante esquerdista é apenas uma providencial pretexto para os grupos políticos e econômicos internacionais incomodados com o Brasil líder do G-20 e vitorioso contra os EUA na OMC.
O que se quer agora, com o caso Battisti, é subverter as instituições brasileiras, mergulhar-se o país numa confusão entre o poder do Executivo e o poder do Judiciário, anular-se uma decisão do ex-presidente Lula para se abrir o caminho a que governança do Brasil seja sujeita à aprovação do STF. Para isso conta-se, como em 1964, com os vendilhões da nossa soberania e com os golpistas da grande imprensa.
Simples e prático, para se evitar que a presidente Dilma governe, vai se tentar lhe por um cabresto e toda decisão sua que desagrade grupos internacionais deverá ser anulada pelo STF. Por exemplo, a questão da exploração petrolífera do pré-sal poderá ser uma das próximas ações confiadas ao STF.
Se Dilma quiser renacionalizar as comunicações, já que a telefonia é questão estratégica, o STF poderá dizer Não e também optar pela privatização da Petrobras. Delírio ? Não, os neoliberais inimigos de Lula e da política nacionalista, derrotados nas eleições, poderão subrepticiamente retirar, pouco a pouco, os poderes da presidenta e do Legislativo, para que fique apenas com o STF o governo ou o desgoverno do Brasil.
O próprio advogado de Cesare Battisti, acostumado com leis e recursos, nunca viu uma decisão presidencial ser posta em dúvida por um ministro do STF, e por isso falou em « golpe » tal como havíamos alertado.
Por sua vez, o atual governador do Rio Grande do Sul, que aceitou o pedido de refúgio de Battisti quando ministro da Justiça, não aguentou a decisão do ministro Cezar Peluso do STF de colocar em, questão a validade da decisão do presidente Lula e declarou como « ilegal » e « ditatorial » o ato do ministro Peluso, do qual decorre um « prejuízo institucional grave » para o país e um « abalo à soberania nacional ».
Faz dois anos, Tarso Genro concedeu refúgio a Battisti, que deveria estar em liberdade desde essa época. Mas o ato liberatório foi sustado pelo ministro Gilmar Mendes, que submeteu a questão ao STF, o que já consistia um ato arbitrario. Embora os ministros tenham decidido por 5 a 4 pela extradição, competia ao presidente a decisão final, o que foi reconhecido, depois de uma tentativa de reabertura do julgamento.
O presidente Lula justificando seu ato, dentro do permitido pelo Tratado mútuo de Extradição entre Brasil e Itália, com base num documento da Advocacía Geral da União, negou a extradição e a própria Itália entendeu o ato como definitivo. Ora, a decisão do ministro Cezar Peluso de pôr em dúvida a decisão do presidente Lula e reabrir a questão vai além de sua competência e fere uma decisão soberana.
É tentativa ou já é golpe, no entender do advogado Luiz Roberto Barroso, é ilegal e ditatorial segundo o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, opiniões que vão no mesmo sentido de Dalmo Dallari e de outros juristas.
O que iremos viver, quando o ministro Gilmar Mendes se dignar a colocar na agenda do STF o « julgamento da decisão do presidente Lula », se a maioria, por um voto que seja, decidir anular a decisão de Lula ? Será que a presidenta Dilma aceitará essa intromissão do STF no poder do Executivo ? Em todo caso, será o caos.
É hora de reagir, antes que seja tarde demais.
Rui Martins é jornalista e escritor. Foi exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty.
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