quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amô, furria, viola, nunca dinheiro


"Apois pro cantadô i violero/ só hai treis coisa nesse mundo vão/ amô, furria, viola, nunca dinhêro/ viola, furria, amô, dinhêro não". O refrão costura as longas estrofes de "O Violêro", que abre o primeiro LP de Elomar, Das barranca do Rio Gavião, lançado há trinta e nove anos e já editado em CD. O disco sucedeu o compacto de 1968, até hoje disputado na base da faca por colecionados em sebos, e jogou o arquiteto e trovador baiano em definitivo no mundo da MPB. Na bagagem, Elomar trouxe seu violão rebuscado, que embalava um cancioneiro que recendia a idade média e aos improvisos dos cantadores nordestinos. No repertório, já antecipava alguns de seus clássicos, como "O pidido", "Zefinha", "Cantiga de Amigo" e "Incelença prum amor ritirante", uma das mais belas músicas da história da MPB. "Quem sabe não vai ser lá, no barato das galáxias e da música de Elomar, que eu vou acabar amarrando um bode definitivo e ficar curtindo uma de pastor de estrelas...", escrevia um Vinícius de Moraes absolutamente encantado com a figura caatingueira de Elomar no texto que acompanhava o encarte do disco. Elomar - cuja missão, segundo ele próprio, é "chiqueirar e pastorar, tangerino de ovelhas e bodes" - formou-se arquiteto, é fazendeiro no interior da Bahia e fez 70 anos em 2007. Quem nunca ouviu falar do homem pode, a partir desse disco, começar a se apaixonar por seu blues nordestino e suas bachianas sertanejas. Na Internet, também vale a pena conhecer sua "porteira oficial" (www.elomar.com.br).



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