O texto abaixo me foi enviado pelo historiador Américo Souza, professor da Universidade Federal do Piauí e amigo do violonista Zé Renato. Outro que presta sua homenagem - delicada e poética - ao nosso saudoso Zé.
“O homem, o mito, o 7 cordas mais rápido do Nordeste”, essa era a deixa dada pelo jornalista e músico Felipe Araújo para os solos inebriantes de Zé Renato nas apresentações do “Policarpo e a Estrela de Madureira”. Puro deleite.
Dono de uma técnica apurada e de uma sensibilidade melódica incomum, Zé Renato dividiu o palco com grandes expoentes da música popular como Domiguinhos, Marinês, Cristina Buarque e Moacir Luz. Todavia, era nas rodas de choro e samba de bares como “O Arlindo” e “Marcão das Ostras”, ao lado de músicos-amigos como, David Gouveia, Marinaldo, Bruno Goyanna, Shaloon Araújo, Luís e Ecinho, que seu talento emergia com mais fulgor. “Aqui, com esses meninos, me sinto mais livre para sentir a música”, me confidenciou certa vez.
Versátil, tocava de tudo, e bem, mas era na execução do chorinho que mais se realizava e encantava. Foi nas rodas desse gênero, tão expressivo como o próprio Zé, que ganhou o epíteto de “poeta das baixarias”, pela fusão inequívoca de precisão e exuberância de seus improvisos ao violão de 7 cordas.
Generoso e militante, usava suas apresentações como um misto de palanque e sala de aula, defendendo o choro como expressão maior da música brasileira e ensinando ao público sua história e seus segredos. Dele aprendi que, para meu espanto, o violão de 7 cordas, instrumento tão caro ao choro e ao samba, é de origem russa.
A morte de Zé Renato, no último dia 06 de abril, mês em que, por ironia, se celebra o dia nacional do choro (23/04), é por certo uma perda irreparável para os que com ele conviveram e ainda maior para os que não terão mais essa chance. No entanto, como historiador, afirmo: a alma nada sabe sobre a história, o encadeamento dos eventos no tempo que acontecem uma vez e nunca se repetem. Na história a vida está enterrada no “nunca mais”. A alma, ao contrário, é o lugar onde o que estava morto volta a viver. A alma desconhece o “nunca mais.”
O Cronista Rubem Alves certa feita escreveu: “temos dois ouvidos. Com um escutamos os ruídos do tempo, passageiros, que desaparecem. Com o outro ouvimos a música da alma, eterna, que permanece.” Era para esse segundo ouvido que as bordoadas de Zé Renato soavam e continuarão a soar para os que souberem apurá-lo.
“O homem, o mito, o 7 cordas mais rápido do Nordeste”, essa era a deixa dada pelo jornalista e músico Felipe Araújo para os solos inebriantes de Zé Renato nas apresentações do “Policarpo e a Estrela de Madureira”. Puro deleite.
Dono de uma técnica apurada e de uma sensibilidade melódica incomum, Zé Renato dividiu o palco com grandes expoentes da música popular como Domiguinhos, Marinês, Cristina Buarque e Moacir Luz. Todavia, era nas rodas de choro e samba de bares como “O Arlindo” e “Marcão das Ostras”, ao lado de músicos-amigos como, David Gouveia, Marinaldo, Bruno Goyanna, Shaloon Araújo, Luís e Ecinho, que seu talento emergia com mais fulgor. “Aqui, com esses meninos, me sinto mais livre para sentir a música”, me confidenciou certa vez.
Versátil, tocava de tudo, e bem, mas era na execução do chorinho que mais se realizava e encantava. Foi nas rodas desse gênero, tão expressivo como o próprio Zé, que ganhou o epíteto de “poeta das baixarias”, pela fusão inequívoca de precisão e exuberância de seus improvisos ao violão de 7 cordas.
Generoso e militante, usava suas apresentações como um misto de palanque e sala de aula, defendendo o choro como expressão maior da música brasileira e ensinando ao público sua história e seus segredos. Dele aprendi que, para meu espanto, o violão de 7 cordas, instrumento tão caro ao choro e ao samba, é de origem russa.
A morte de Zé Renato, no último dia 06 de abril, mês em que, por ironia, se celebra o dia nacional do choro (23/04), é por certo uma perda irreparável para os que com ele conviveram e ainda maior para os que não terão mais essa chance. No entanto, como historiador, afirmo: a alma nada sabe sobre a história, o encadeamento dos eventos no tempo que acontecem uma vez e nunca se repetem. Na história a vida está enterrada no “nunca mais”. A alma, ao contrário, é o lugar onde o que estava morto volta a viver. A alma desconhece o “nunca mais.”
O Cronista Rubem Alves certa feita escreveu: “temos dois ouvidos. Com um escutamos os ruídos do tempo, passageiros, que desaparecem. Com o outro ouvimos a música da alma, eterna, que permanece.” Era para esse segundo ouvido que as bordoadas de Zé Renato soavam e continuarão a soar para os que souberem apurá-lo.
Um comentário:
TIVE A FELICIDADE DE TOCAR COM ELE POR UM BOM PERIODO. IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇAO EU CAVAQUINISTA E CANTOR DO GRUPO DE SAMBART, NO VIOLAO DE 6 GREGORIO PIRES NETO UM VIOLAO ALTAMENTE DISSONANTE, BOSSANOVISTA E MUITO CRIATIVO, NO VIOLAO DE 7 CORDAS ELE O GENIAL ZÉ RENATO COM SEU VIOLAO INCRIVELMENTE TRADICIONAL COMO OS BAMBAS DA ANTIGA, CONFESSO QUE MUITAS VEZES NAO SABIA SE TOCAVA, CANTAVA OU OUVIA. FOI MINHA MAIOR EXPERIENCIA MUSICAL
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