Danilo Miranda (foto acima), diretor regional do SESC de São Paulo e integrante do Conselho Editorial do Le Monde Diplomatique Brasil, é um dos principais pensadores e articuladores de políticas de inclusão social através da cultura. Em seu currículo, está o trabalho louvável que tornou o SESC um dos principais selos de pesquisa e divulgação na área cultural. "O Brasil pode orgulhar-se, graças ao SESC, de estar na vanguarda da cultura de nossa época", foi o elogio que lhe dirigiu ninguém menos que Edgar Morin. Danilo esteve em Fortaleza no último mês de abril, quando o Talabarte conseguiu uma pequena exclusiva com ele.
Talabarte - O Governo Federal, através do Ministério da Cultura, tem se colocado no centro de uma polêmica envolvendo as mudanças na Lei Rouanet. Não raro, é possível ler depoimentos de produtores culturais – principalmente de estados mais ricos, como Rio de Janeiro e São Paulo - denunciando “dirigismo” e “autoritarismo” nas propostas do ministro Juca Ferreira. Como o senhor observa essa discussão?
Miranda - As mudanças na Lei Rouanet eram mais do que necessárias. Certos mecanismos acabaram criando privilégios e reduzido poder de contrapartida social. Assim, acredito que buscando atender mais e com outra qualidade, acaba-se por desagradar alguns envolvidos. Quanto às propostas do Ministro, as vejo com bons olhos, inclusive por dar continuidade à gestão anterior e desconheço o descontentamento apontado.
Talabarte - No ano passado, o Ministério da Educação apresentou uma proposta que tirava 33% das verbas do SESC e repassava esse valor para um fundo de capacitação profissional a ser administrado pelo Governo Federal. Como o senhor vem acompanhando a tramitação dessa proposta?
Miranda - O acordo firmado entre o SESC e os Ministérios da Educação e do trabalho prevê um percentual de ações educativas gratuitas oferecidas aos jovens estudantes, como complemento às estratégias adotadas nesse esforço de profissionalização do Governo Federal. Como o SESC já desenvolve ações educativas voltada aos jovens estudantes, nosso empenho será primordialmente no sentido de cumprir, sempre a mais, o percentual definido, bem como tornar mais evidentes e comprovar a gratuidade e o atendimento ao público específico.
Talabarte - Como Brasil vem equilibrando ao longo dos últimos anos as noções de cultura científica e de cultura humanista em suas ações oficiais no campo da educação?
Miranda - As últimas análises da educação formal decorrente do ensino público no Brasil indicam resultados muito insatisfatórios. Os aspectos do equilíbrio entre cientificismo e humanismo, nesse sentido, não constituem o problema, que tem natureza anterior . É preciso assegurar mais qualidade ao ensino fundamental e outros mecanismos educativos para poder promover melhor a cultura tanto científica, quanto humanista.
Talabarte - O Governo Federal, através do Ministério da Cultura, tem se colocado no centro de uma polêmica envolvendo as mudanças na Lei Rouanet. Não raro, é possível ler depoimentos de produtores culturais – principalmente de estados mais ricos, como Rio de Janeiro e São Paulo - denunciando “dirigismo” e “autoritarismo” nas propostas do ministro Juca Ferreira. Como o senhor observa essa discussão?
Miranda - As mudanças na Lei Rouanet eram mais do que necessárias. Certos mecanismos acabaram criando privilégios e reduzido poder de contrapartida social. Assim, acredito que buscando atender mais e com outra qualidade, acaba-se por desagradar alguns envolvidos. Quanto às propostas do Ministro, as vejo com bons olhos, inclusive por dar continuidade à gestão anterior e desconheço o descontentamento apontado.
Talabarte - No ano passado, o Ministério da Educação apresentou uma proposta que tirava 33% das verbas do SESC e repassava esse valor para um fundo de capacitação profissional a ser administrado pelo Governo Federal. Como o senhor vem acompanhando a tramitação dessa proposta?
Miranda - O acordo firmado entre o SESC e os Ministérios da Educação e do trabalho prevê um percentual de ações educativas gratuitas oferecidas aos jovens estudantes, como complemento às estratégias adotadas nesse esforço de profissionalização do Governo Federal. Como o SESC já desenvolve ações educativas voltada aos jovens estudantes, nosso empenho será primordialmente no sentido de cumprir, sempre a mais, o percentual definido, bem como tornar mais evidentes e comprovar a gratuidade e o atendimento ao público específico.
Talabarte - Como Brasil vem equilibrando ao longo dos últimos anos as noções de cultura científica e de cultura humanista em suas ações oficiais no campo da educação?
Miranda - As últimas análises da educação formal decorrente do ensino público no Brasil indicam resultados muito insatisfatórios. Os aspectos do equilíbrio entre cientificismo e humanismo, nesse sentido, não constituem o problema, que tem natureza anterior . É preciso assegurar mais qualidade ao ensino fundamental e outros mecanismos educativos para poder promover melhor a cultura tanto científica, quanto humanista.
Talabarte - Que particularidades o estímulo à arte e à cultura assume num País ainda repleto de desigualdades como o Brasil?
Miranda - O Brasil é um país de singularidades. A redução das desigualdades sociais permitiria o acesso de maiores contingentes da população aos diferentes conteúdos e expressões culturais e artísticas. De todo modo, não podemos esquecer que com todas as dificuldades, o Brasil e os brasileiros têm comprovado talento, criatividade e disposição para reinventar a vida e o cotidiano por meio das artes e da cultura, seja no centro, na periferia, com diferentes linguagens. Assim, o estímulo à arte e à cultura tem e sempre terá importância entre nós.
Talabarte - Quais as principais semelhanças e diferenças existentes entre as ações do SESC desenvolvidas nos diversos estados da Federação?
Miranda - Embora exista autonomia nos diferentes Regionais SESC, no Brasil temos programas e metas comuns. Educação, saúde e cultura são programas levados a termo por quase todos os Regionais, variando a proporcionalidade do número de unidades, os serviços e atividades voltadas ao público.
Talabarte - O “lazer educativo” tem sido a ferramenta utilizada pelo Sesc para promover a inclusão social. Nesse sentido, que atores sociais e que ações vem contribuindo para que o tempo de lazer seja um “espaço privilegiado de educação para a cidadania, para a sociabilidade, para a tolerância”, utilizando palavras suas em carta a Edgar Morin?
Miranda - As ações educativas ofertadas durante o lazer do trabalhador constituem uma estratégia nada recente na atuação do SESC-SP. Desde o final da década de 1970, temos empregado um conjunto de atividades, que tem sido aprimorado, pela experiência, em favor do público. Espetáculos, oficinas, aulas abertas, trabalhos com grupos, serviços de atendimento em odontologia, refeição social e atividades físicas são algumas de nossas ações voltadas às práticas de cidadania.
Talabarte - O Brasil tem conseguido transformar a diversidade e a pujança de sua cultura (ou de suas culturas) em instrumento de resistência cidadã, política, cultural, etc?
Miranda - Sim. O Brasil e muitos segmentos de brasileiros fizeram das culturas, formas de resistência social e política. Veja na música, nos jogos, na religiosidade, no artesanato, na literatura popular, quantas expressões de resistência e dignidade puderam ser criadas, não é?
Miranda - O Brasil é um país de singularidades. A redução das desigualdades sociais permitiria o acesso de maiores contingentes da população aos diferentes conteúdos e expressões culturais e artísticas. De todo modo, não podemos esquecer que com todas as dificuldades, o Brasil e os brasileiros têm comprovado talento, criatividade e disposição para reinventar a vida e o cotidiano por meio das artes e da cultura, seja no centro, na periferia, com diferentes linguagens. Assim, o estímulo à arte e à cultura tem e sempre terá importância entre nós.
Talabarte - Quais as principais semelhanças e diferenças existentes entre as ações do SESC desenvolvidas nos diversos estados da Federação?
Miranda - Embora exista autonomia nos diferentes Regionais SESC, no Brasil temos programas e metas comuns. Educação, saúde e cultura são programas levados a termo por quase todos os Regionais, variando a proporcionalidade do número de unidades, os serviços e atividades voltadas ao público.
Talabarte - O “lazer educativo” tem sido a ferramenta utilizada pelo Sesc para promover a inclusão social. Nesse sentido, que atores sociais e que ações vem contribuindo para que o tempo de lazer seja um “espaço privilegiado de educação para a cidadania, para a sociabilidade, para a tolerância”, utilizando palavras suas em carta a Edgar Morin?
Miranda - As ações educativas ofertadas durante o lazer do trabalhador constituem uma estratégia nada recente na atuação do SESC-SP. Desde o final da década de 1970, temos empregado um conjunto de atividades, que tem sido aprimorado, pela experiência, em favor do público. Espetáculos, oficinas, aulas abertas, trabalhos com grupos, serviços de atendimento em odontologia, refeição social e atividades físicas são algumas de nossas ações voltadas às práticas de cidadania.
Talabarte - O Brasil tem conseguido transformar a diversidade e a pujança de sua cultura (ou de suas culturas) em instrumento de resistência cidadã, política, cultural, etc?
Miranda - Sim. O Brasil e muitos segmentos de brasileiros fizeram das culturas, formas de resistência social e política. Veja na música, nos jogos, na religiosidade, no artesanato, na literatura popular, quantas expressões de resistência e dignidade puderam ser criadas, não é?
Um comentário:
Aí, Felipe, bateu nostalgia dos tempos de repórter? Boa novidade essa de fazer entrevistas para o Blog, ainda mais começando assim, com uma personalidade de destaque internacional. Parabéns!
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