quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Para ouvir com capacete

Uma paulada inclemente na moleira. Foi assim que me soou pela primeira vez - e ainda continua a soar - a obra do austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951). Inventor do dodecafonismo, ele estilhaçou a secular estrutura tonal da música ocidental, criando uma arquitetura musical completamente diferente - para uns, absolutamente abstrata e intangível; para outros rigorosa e cristalina. Para Júlio Medaglia, por exemplo, ela é as duas coisas ao mesmo tempo: "Schoenberg provocou um envenenamento na engrenagem das formas, levando-as ao superlativo da expressividade, ao conflito, a uma neurótica e impulsiva subjetividade onde o indivíduo situava-ase como centro absoluto, intérprete e juiz do universo", define o maestro em seu livro Música Impopular. Para mim, ela é permanentemente provocadora e jamais soa gratuita. Cerebral sem perder seu lastro de lirismo. Aliás, foi o próprio Schoenberg quem declarou certa vez que: "Aquele que não possuir o romantismo em seu coração é um ser humano decrépito".

Abaixo, duas interpretações marcantes da obra de Schoenberg. A primeira, "Fantasia", com dois gigantes: Glen Gould, um de meus pianistas peferidos, e o violinista Yehudi Menuhin. A segunda, o "Concerto para Piano", com a pianista Mitsuko Ushida e a Filarmônica de Rotterdam.

Uma dica: melhor ouvir com capacete. 




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