Jamais imaginaria que Diogo Mainardi pudesse ter algum gesto de honestidade intelectual. Pois taí que considerei essa sua declaração de apoio a Marina extremamente honesta. Não concordo, óbvio, mas achei honesta. Ele a apoia somente até o dia da posse, única e exclusivamente para derrotar o PT. Depois, volta a ser o bom e velho cretino que conhecemos e volta a torcer contra o país (um de seus livros, vale lembrar, se chama "Contra o Brasil"). É mais honesto do que certos arautos da "nova política" que, mutatis mutandi, agem da mesma forma.
Antes que algum aventureiro lance mão, não estou dizendo que os eleitores de Marina sejam desonestos. Claro que não é isso. É legítimo que defendam o estado mínimo, a auto-regulamentação do mercado financeiro, a prioridade ao agronegócio em detrimento da agricultura familiar, a autonomia do Banco Central, etc. O jogo democrático é assim.
O problema, a meu ver, são os que escamoteiam suas reais intenções diante da candidatura de Marina. Uma candidatura que, em essência, é a rearticulação das mais agressivas forças da direita conservadora brasileira. Não falo nem em direita liberal porque, nesse palanque, movido a fundamentalismo religioso e de mercado (além de muito cinismo político), não há lugar para tal sofisticação.
O importante, para esses arautos da "nova política", assim como para Diogo Mainardi, é somente derrotar o PT, é derrotar Lula (e haja paranoia e outras psicoses que o tempo há de diagnosticar). Essa é a questão. O "Fora Dilma e leve o PT junto" é o princípio, o meio e o fim dessa cruzada reacionária. Derrotar de qualquer jeito. E não importa que, com isso, sejam desconstruídos os avanços econômicos, as políticas sociais e o modelo de inclusão criado nos últimos anos. Para essa turma, tirando o PT do governo fica tudo certo. Depois se vê o que será feito com o País.
2014 pode entrar para a história como o ano em que "o rancor (e o oportunismo) venceu (venceram) a razão". Enquanto isso, o Mainardi volta para sua Shangri-La italiana e vai brindar nossa desgraça...
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