sábado, 20 de agosto de 2011
Dia Internacional da Fotografia: Iana Soares
A música, essa não-linguagem. Inefável seu enquadramento, indizível sua luz. A fotografia, essa pura melodia, a desconstruir e reinventar a atávica harmonia do olhar. Partitura do tempo: canto e contracanto de espaços e silêncios. Novo andamento, novo pulso – uma proposta de estar. A voz interior que ressoa em escalas imemoriais, o foco no bendito e na saudade. É só escutar. Outras melodias há para o ser humano. Para além do sofrimento e da melancolia imediatas, outras melodias. Para além do alheio e do estranhamento, outras sinfonias. Outros silêncios. Há o olhar piedoso de Cristo, não mais piedoso que o da senhora em seu reflexo, quase um indulto à nossa pressa, ao nosso açodamento. Um larghissimo que só sabe reger quem sabe das coisas do tempo, quem já se enredou em suas veredas. Sertão ou mar, lugar não se define aqui; nem define perspectiva. É o tempo. Um concerto de Brahms não nos fala mais do que aquele olhar cerrado, a contemplar sons e memórias. Escutemos, pois, a pausa quase insuportável: imagens e sonatas. O resto é (nosso) ruído.
Texto e imagens publicados no jornal O POVO, caderno Vida & Arte em homenagem ao Dia Internacional da Fotografia. As fotos são de Iana Soares
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