segunda-feira, 7 de março de 2011

Poemetes araújos - XIV

Tempos hostis,
celerados:
Em que os sentidos não se assentam
Não decantam
Porque já há alguém batendo à porta
vendendo um novo dia
E nem um novo dia
raiou direito.
Tempos imprecisos,
de permanente modulação:
em que se plantando,
nada dá,
apenas vento
e folhas de cor inatingível.
Porque já há alguém batendo à porta
vendendo novas sementes
E nem a chuva chegou ainda.

Tempos sombrios.
Mas há Arvo Pärt e
sua música,
arquitetura de silêncios amplos
e espaços demorados,
a nos oferecer um abrigo.